
Em nota divulgada em sua página e nas redes sociais neste domingo (20), a Secretaria Municipal de Ação Cultural (Semac) de Piracicaba, no interior paulista, lamentou o falecimento de Roberto Antônio Cera, o Cerinha, idealizador e fundador do Salão Internacional de Humor de Piracicaba. “Incentivador das artes, da comunicação e da liberdade criativa”.
“Com profunda tristeza, nos despedimos de Roberto Antonio Cêra, o querido Cerinha, um dos fundadores do Salão Internacional de Humor de Piracicaba. Visionário e apaixonado pela cultura, foi incentivador das artes, da comunicação e da liberdade criativa. Seu legado vive nas muitas iniciativas que ajudou a construir e na memória afetiva de uma Piracicaba mais criativa e plural”, diz o texto.
Conforme publicações em seu perfil no Instagram, Cerinha estava internado com covid-19 no Hospital Santa Casa de Piracicaba e acabou não resistindo à doença, falecendo nesse sábado (20) aos 85 anos.
“Um grande incentivador das artes, da comunicação, do humor gráfico, entre tantas outras frentes, esteve desde o início entre os que pensaram e ajudaram na criação de nosso evento”, diz o perfil do Salão de Humor.
“Fica o legado dessa grande personalidade, com uma história marcante e determinante para o humor gráfico piracicabano e internacional”, completou o texto.
Nascido em 12 de setembro de 1939, em Piracicaba, Roberto Antonio estudou na Faculdade de Direito de São João da Boa Vista, e atuou como bancário pelo Banco do Estado de São Paulo (Banespa), por onde se aposentou. O ponto alto de sua trajetória, no entanto, foi o Salão Internacional de Humor de Piracicaba, iniciativa que idealizou junto com algumas parcerias.
O Salão do Humor foi criado em 1974, durante a ditadura militar no Brasil. A iniciativa surgiu de um grupo de artistas, jornalistas e intelectuais de Piracicaba, e teve o apoio do jornal O Pasquim. Na sua edição inaugural, o evento atraiu renomados cartunistas brasileiros, como Millôr, Ziraldo e Jaguar, consolidando-se como um relevante espaço para reflexão, debate e inovação no campo da arte e do humor. “Ano após ano, o Salão reafirma Piracicaba como uma espécie de ‘Capital Mundial’ do humor gráfico, ao mesmo tempo revelando novos talentos e valorizando autores e obras históricas”, menciona a página do evento.
“Mesmo com o medo de ter suas portas lacradas por causa da censura do regime militar, o Salão excedeu as expectativas iniciais e garantiu a continuação para anos seguintes”, explica texto no site oficial do Salão. “Ninguém esperava, mas já a partir do terceiro ano o evento se tornou Internacional e posicionou Piracicaba no mapa do humor gráfico mundial, atraindo a atenção e talentos de diversas partes do mundo”.
Em 2023, durante a abertura da 50ª edição do Salão, Cerinha foi homenageado junto a outros fundadores do evento. Em sua 51ª edição, em julho do ano passado, a mostra principal da exposição reuniu um total de 453 obras de artistas de 23 países – 135 trabalhos a mais se comparado aos 318 do encontro comemorativa aos 50 anos do Salão. Algo inédito na sua história, o júri de seleção foi formado apenas por mulheres. Entre suas classificadas, a arista Zhu Zizun, da China, apresentou uma bela caricatura da atriz Audrey Hepburn, ícone do cinema mundial.
“Foi uma experiência incrível organizar o primeiro júri totalmente feminino do Salão Internacional de Humor de Piracicaba nesta 51ª edição”, disse Junior Kadeshi, diretor do Salão do Humor. “Além de ser um feito histórico, ter a chance de montar um Salão com um olhar totalmente feminino pela primeira vez em 50 anos nos traz novos ares, ideias, pensamentos, exaltando e valorizando a mulher”, completou.
Nascido em 12 de setembro de 1939, em Piracicaba, Roberto Antonio Cêra estudou na Faculdade de Direito de São João da Boa Vista, e trabalhou no Banco do Estado de São Paulo (Banespa), por onde se aposentou.
Em 2016, uma rua no loteamento Terra Nova, em Piracicaba, ganhou o nome de Roberto Cêra, em homenagem ao pioneirismo de Cerinha.