
O fluxo de turistas estrangeiros para os EUA caiu 12% em março, em relação a igual período do ano passado, segundo a Administração de Comércio Internacional (ITA), a maior queda desde março de 2021, quando o turismo ainda sofria o baque da segunda onda da pandemia
A queda do fluxo turístico aos Estados Unidos foi descrita, na análise do Goldman Sachs, como a resultante de “anúncios de tarifas e uma postura mais agressiva em relação a aliados históricos que prejudicaram a imagem global do país”. Ou seja, Trump e seu tarifaço e arreganhos contra o planeta inteiro.
Questão já abordada pelo Financial Times, sob o título “Turistas europeus cancelam viagens aos EUA por causa das políticas de Trump”. Segundo números da Administração do Comércio Internacional (ITA), que é um órgão do Departamento de Comércio norte-americano, a quantidade de visitantes da Europa Ocidental que passaram ao menos uma noite nos EUA caiu 17% em março, em comparação com o mesmo mês de 2024.
Declínio que, para a Bloomberg, além do boicote em retaliação ao tarifaço de Trump, se deve também ao “temor de detenções em aeroportos após relatos de tratamento rude por agentes da imigração”, o que tem sido estimulado pela arrogância fascista exacerbada na atual gestão dos EUA na Casa Branca.
O FT listou entre os países em que houve essa redução no número de turistas para os EUA o Reino Unido, Suíça, Alemanha, Noruega, Áustria e Espanha. A gigante hoteleira francesa Accor, por sua vez, alertou que as reservas para o verão nos EUA tiveram uma queda de 25%.
No mês passado, 8 dos 10 países que mais registraram visitantes aos EUA apresentaram dados inferiores aos do ano passado. O Reino Unido, líder do ranking, teve um recuo de 14,3% ante o 3º mês de 2024. Com 28,2%, a Alemanha foi o país que registrou o maior decréscimo de visitantes entre os 10 principais.
Já os canadenses — o maior grupo de turistas estrangeiros nos EUA — estão preferindo ficar em casa, segundo a Bloomberg, “à medida que Trump intensifica os ataques à economia e à soberania do país”. Aliás, país assacado como o suposto “51º Estado”, de acordo com o destempero do chefe da Casa Branca.
Segundo o órgão oficial de estatísticas do Canadá, os deslocamentos de carro com destino aos EUA caíram 23% em fevereiro. O tráfego aéreo teve um recuo menor, mas significativo: 13%.
Omair Sharif, presidente da Inflation Insights, destacou que a queda nas tarifas de hotéis foi puxada por uma redução de quase 11% no Nordeste do país, possivelmente resultado da diminuição de turistas canadenses na região. “Dado o que sabemos sobre o quanto as viagens canadenses caíram, isso é potencialmente preocupante para essa região”, disse Sharif.
Segundo os números do Departamento de Comércio dos EUA, o sumiço de turistas se repetiu em quase todas as regiões do mundo, com exceção do Oriente Médio (israelenses fugindo do regime Netanyahu?) e da Europa Oriental (comparsas de Zelensky ou assustados com sua guerra?).
Alguns veículos de mídia optaram por registrar o acumulado da queda em fevereiro-março, de menos 7,5%, minimizando o desastre. Comparando com os 12% de março, dá para ter uma ideia da aceleração do boicote a viagens aos EUA, em repúdio à arrogância de Trump e completo desrespeito as demais povos do mundo manifestado por seu governo quase diariamente.
O que isso representa em baque para a economia dos EUA ainda está sendo dimensionado. O turismo foi responsável por 2,5% do PIB dos EUA no ano passado, US$ 254 bilhões. A Goldman Sachs avaliou que a perda poderá chegar a 0,3% do PIB, até US$ 90 bilhões. Mais otimista, a Bloomberg Intelligence estimou a perda em US$ 20 bilhões. Algumas fontes deram mais modestos US$ 9 bilhões.