
O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para o período entre 9 e 16 de maio o julgamento da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e do hacker Walter Delgatti Neto por terem invadido o sistema da Justiça e fraudado documentos.
O julgamento ocorrerá no Plenário virtual e contará com a participação dos ministros da Primeira Turma da Corte.
Carla Zambelli e Walter Delgatti Neto viraram réus em maio de 2024, quando o STF aceitou uma denúncia de que eles invadiram o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para atacar a democracia.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), Zambelli, “de maneira livre, consciente e voluntária, comandou a invasão aos sistemas institucionais utilizados pelo Poder Judiciário, mediante planejamento, arregimentação e comando de pessoa com descoberta técnica e meios necessários ao cumprimento” do crime.
Walter Delgatti Neto, conhecido pelo caso de vazamento das conversas do ex-juiz Sérgio Moro, confessou o crime e contou que Carla Zambelli buscou, na invasão ao sistema do CNJ, atacar as urnas eletrônicas.
O hacker confirmou que um deputado bolsonarista pediu que escrevesse o texto do mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes que seria inserido no sistema.
No segundo semestre de 2022, quando foram feitas as invasões, Zambelli participou com outros bolsonaristas dos ataques coordenados às urnas eletrônicas como forma de fragilizar as eleições e a democracia brasileira.
Eles ainda alteraram “mandados de prisão, alvarás de soltura, decisões de quebra de sigilo bancário e, inclusive, determinando ao sistema que emite documentos ideologicamente falsos”.
Carla Zambelli e Walter Delgatti responderam pelos crimes de falsidade ideológica e invasão de dispositivo informático, atualizados pelo prejuízo econômico.
“É MAIS FÁCIL COLOCAR A CULPA EM OUTRA PESSOA”
Na véspera do segundo turno das eleições presidenciais, em 2022, Carla Zambelli perseguiu, armada, um homem negro com quem tinha discutido nas ruas de São Paulo.
Jair Bolsonaro já disse publicamente que a deputada “tirou” seu mandato com esse episódio. Em uma reunião do PL, partido dos dois, Bolsonaro chegou a gritar com ela.
Em entrevista ao Metrópoles, Carla Zambelli disse que “é sempre mais fácil colocar a culpa em outra pessoa quando você sai perdedor de alguma coisa”.
O caso, segundo conta Zambelli, lhe “fez muito mal”. “Eu piorei da depressão. Dói muito mais isso do que uma denúncia de prisão. É uma injustiça, porque eu me doei muito à causa do Bolsonaro”.