
Carlos Rocha é um dos indiciados pela PF (Polícia Federal) pela trama golpista, que culminou no 8 de janeiro de 2023
O presidente do “Instituto Voto Legal”, Carlos Rocha, denunciado pela PGR (Procuradoria Geral da República) por integrar a trama golpista após as eleições de 2022, participou como “especialista” da audiência pública na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado na última quinta-feira (24).
O debate, na ocasião, tratava da reforma do Código Eleitoral, em tramitação na Casa, desde 2021.
Convidado pelo senador Esperidião Amin (PP-SC), Rocha foi indicado para a audiência pelo líder da oposição bolsonarista, senador Rogério Marinho (PL-RN).
Na apresentação dele, de 10 minutos, o engenheiro confirmou seu mantra golpista ao criticar a suposta concentração de funções no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e defendeu a “ausência de contagem pública” de votos, sugerindo que a administração eleitoral fosse transferida para uma agência subordinada ao Congresso.
Isto é, o golpista mantém a lógica de fragilizar a Justiça Eleitoral, mesmo depois de todos os ocorridos. A tentativa de comprometer e descredibilizar o TSE fez parte da trama golpista, cujo ápice foi o 8 de janeiro.
AUDITORIA DAS URNAS ELETRÔNICAS
Em 2022, o Instituto Voto Legal, de Rocha, foi contratado pelo presidente do PL (Partido Liberal), Valdemar Costa Neto, para “auditar” as urnas eletrônicas, que era parte da estratégia do então presidente Jair Bolsonaro (PL) para questionar o sistema eleitoral.
A PGR incluiu Rocha no núcleo de operações estratégicas do golpe, acusado de disseminar desinformação sobre as eleições e o sistema eleitoral.
“Fiz apenas um trabalho técnico”, afirmou Rocha ao jornal Folha de S.Paulo em dezembro passado, após ser indiciado pela PF (Polícia Federal). Ele negou ter falado em fraudes e disse em buscar “colaborar de forma construtiva” com o TSE.
FALTA DE EVIDÊNCIAS DE FRAUDE
O relator da matéria, senador Marcelo Castro (MDB-PI), rebateu as críticas de Rocha na audiência: “Até hoje não foi comprovada uma única fraude de urnas eletrônicas”.
O senador bolsonarista Hamilton Mourão (Republicanos-RS) defendeu “aperfeiçoamentos” no sistema, citando o voto impresso. Tema há muito vencido na Câmara dos Deputados.
A denúncia contra Rocha no STF inclui crimes como organização criminosa e tentativa de golpe de Estado.
Documentos da PF mostram que o próprio colaborador do instituto alertou para a falta de evidências de fraude nos dados usados pelo PL para contestar urnas em 2022. Rocha respondeu que, como coordenador, considerou múltiplas opiniões antes de publicar o relatório.
NÚCLEO 4
De acordo com a PGR, os denunciados do chamado “núcleo 4” são acusados de organizar ações de desinformação para propagar notícias falsas sobre o processo eleitoral e ataques virtuais a instituições e autoridades.
Rocha compõe o chamado “núcleo 4”, cujo julgamento foi agendado para os dias 6 e 7 de maio.
Veja quem está nesta divisão:
• Ailton Gonçalves Moraes Barros, ex-major do Exército;
• Angelo Martins Denicoli, major da reserva;
• Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, engenheiro e dono do Instituto Voto Legal;
• Giancarlo Gomes Rodrigues, subordinado do policial federal Marcelo Bormevet;
• Guilherme Marques de Almeida, tenente-coronel;
• Marcelo Araújo Bormevet, PF; e
• Reginaldo Vieira de Abreu, coronel que atuou como chefe de gabinete do general da reserva Mario Fernandes.