
“Camarada Comandante Supremo, hoje a última área povoada na região de Kursk, a vila de Gornal, foi libertada”, anunciou ao presidente Putin o chefe do Estado Maior russo, general Gerasimov
“Parabenizo todo o pessoal, todos os combatentes e comandantes por este sucesso, pela vitória. Agradeço a coragem, o heroísmo e o serviço prestado à nossa Pátria e ao povo da Rússia”, afirmou o presidente Vladimir Putin, ao ser informado, pelo chefe do Estado Maior, general Valery Gerasimov, de que a província russa de Kursk estava totalmente libertada da incursão ucraniana, com a retomada da vila de Gornal, a 1 km da fronteira.
“A aventura do regime de Kiev falhou completamente”, sublinhou Putin, acrescentando que “a libertação aproxima o fim do regime neonazi”.
Gerasimov fez o comunicado a Putin no sábado (26), por link de vídeo. “A derrota das formações ucranianas está completa”, ele disse ao presidente.
“Os planos do regime de Kiev de criar uma chamada cabeça de ponte estratégica e interromper nossa ofensiva em Donbass falharam”, enfatizou Gerasimov.
A incursão contra Kursk havia sido desencadeada em agosto passado pelos neonazistas ucranianos, sob respaldo de Washington e da Otan, mais Berlim, Paris e Bruxelas. “Como resultado das ações do exército russo, a defesa das Forças Armadas Ucranianas entrou em colapso”, registrou o general, após os grupos ucranianos serem “divididos e destruídos” aos poucos.
Nos últimos dias, o avanço das forças russas fez com que as tropas inimigas fugissem em massa de suas posições, deixando para trás armas e equipamentos militares, inclusive os de fabricação ocidental, enquanto drones russos abatiam veículos blindados que tentavam escapar pela “estrada da morte”. Haviam sido cercadas por três lados.
No auge da invasão, as tropas do regime de Kiev chegaram a ocupar 1268 km2 na região fronteiriça, aventura que, supostamente, segundo vários analistas, visaria forçar os russos a deslocar tropas do Donbass aliviando a pressão sobre os neonazis, ou, de acordo com outra tese, para criar uma “moeda de troca” nas negociações com a Rússia, o que possivelmente incluiria tomar a usina nuclear de Kursk.
A provocação acabou em enormes perdas para as forças ucranianas, especialmente entre as forças melhor preparadas e melhor equipadas com armamento ocidental. O regime de Kiev sofreu 76 mil baixas, entre mortos e feridos, de acordo com o ministério da Defesa russo.
Mais de 7.700 unidades de equipamento militar de Kiev foram destruídas, incluindo 412 tanques, 340 veículos de combate de infantaria, 314 veículos blindados de transporte de pessoal e cerca de 2.300 outros veículos blindados de combate, enumerou o general russo.
Gerasimov também agradeceu às tropas norte-coreanas na libertação de Kursk, participação realizada sob o Tratado de Parceria Estratégica Abrangente assinado no ano passado. Os soldados e oficiais do Exército do Povo Coreano “demonstraram alto profissionalismo, coragem e heroísmo na batalha”, disse o general.
A Putin, Gerasimov relembrou como os soldados russos, na primeira fase do enfrentamento, barraram o avanço das forças neonazistas, forçando-as a passar à defensiva.
Desde então, os ucranianos estiveram sob uma “armadilha de fogo”, um verdadeiro moedor de carne, alvejados por três lados e até mesmo ataques de longo alcance em sua retaguarda, e com Kiev enviando cada vez mais tropas.
Em março, a principal cidade que restava sob controle neonazi, Sudzha, foi libertada, depois da ousada operação de desembarque na retaguarda ucraniana através de um oleoduto.
A apenas 10 quilômetros da fronteira com a Ucrânia, a quatrocentona Sudzha é um entroncamento logístico e sede da estação de medição de gás russo transportado para a Europa via Ucrânia, cujas operações estavam interrompidas desde janeiro.
Nessa retomada, 800 soldados russos percorreram mais de 15 quilômetros por dutos subterrâneos, correndo risco de envenenamento e surpreenderam o inimigo pela retaguarda.
Segundo a agência de notícias russa RIA Novosti, de acordo com o Comitê Investigativo da Rússia, mais de 49 mil civis são considerados vítimas de crimes cometidos por invasores ucranianos na região de Kursk e está sob investigação denúncia de “centenas de civis mortos”.
Gerasimov disse também que as forças russas estão agora realizando uma operação abrangente para encontrar “membros individuais das forças armadas ucranianas tentando se esconder em território russo” e prestando assistência às autoridades locais para “restaurar a vida pacífica”, com equipes de desminagem enviadas para a região.
Ao optar pela aventura em Kursk, não se pode descartar que os neonazis ucranianos hajam sonhado com que a história não se repetiria. Pois foi exatamente nessa província russa que Hitler, em julho de 1943, e após a derrota em Stalingrado e 800 km de retirada, tentou virar a maré da guerra, no que foi a maior batalha de blindados da história da humanidade. A vitória soviética abriu de vez o caminho para Berlim.