
“Efeito em cadeia: fica mais difícil o financiamento para a compra de imóvel, a demanda cai, e a indústria também sente os reflexos dos juros para financiar a compra de insumos”
No primeiro trimestre de 2025, os juros elevados do Banco Central (BC) agravaram as condições financeiras da indústria da construção, aponta a pesquisa Sondagem Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada na segunda-feira (28).
Nos três primeiros meses deste ano, os juros lideram o ranking de principais problemas do setor, sendo criticados por 35,3% dos empresários, 1,2 ponto percentual a mais que no trimestre anterior.
“A indústria da construção é diretamente impactada pela alta da Selic. Como fica mais difícil acessar financiamento para a compra de imóveis, a demanda diminui. Esse movimento chega até a produção, pois a indústria também sente os reflexos dos juros para financiar a compra de insumos, então há um efeito em cadeia”, destacou o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, ao divulgar a pesquisa.
Hoje a Selic (taxa básica de juros,) encontra-se em 14,25% ao ano, com o Brasil com uma das mais altas taxas de juro real do planeta (descontada a inflação). E de acordo com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, o arrocho monetário vai continuar freando a economia. “A política monetária está produzindo os efeitos desejados”, disse na segunda-feira (28).
No período houve o aumento no Índice de Insatisfação com a Situação Financeira, que recuou de 49 para 46,4 pontos, enquanto o Índice de Confiança do Empresário da Construção caiu 2,4 pontos, de 49,6 pontos para 47,2 pontos. Ambos comparados com o último trimestre de 2024.
Também houve recuos nos índices de satisfação com o lucro operacional, de 44,8 para 42,8 pontos, e no índice de facilidade de acesso ao crédito que caiu para 37,4 pontos (recuo de 0,3 ponto). Os custos de produção aceleraram, segundo o índice de evolução dos preços dos insumos subiu para 64,6 pontos.
Conforme a CNI, a pesquisa foi realizada entre 1º e 10 de abril, sendo consultadas 316 empresas de pequeno, médio e grande portes. A sondagem é feita em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).