
Taxa de desocupação avançou para 7% de janeiro a março
A taxa de desemprego no Brasil subiu para 7,0% no trimestre de janeiro a março de 2025, um aumento de 0,8 ponto percentual (p.p.) em relação ao trimestre anterior (6,2%), segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada nesta quarta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em números absolutos, o país registrou 7,7 milhões de pessoas em busca de vagas de emprego, sem encontrar, o que é um acréscimo de 891 mil pessoas (alta de 13,1%) em três meses. O resultado reflete os efeitos da política monetária restritiva do Banco Central (BC), que mantém a taxa Selic (taxa básica de juros) em 14,25% para frear a atividade econômica, reduzindo investimentos e consumo no país.
Apesar do aumento, o índice de 7,0% é o menor já registrado para um trimestre encerrado em março desde o início da série histórica da PNAD Contínua, em 2012.
Com o mercado de trabalho pressionado pelo arrocho monetário do BC, o número de trabalhadores com emprego caiu 1,3 milhão no período, totalizando 102,5 milhões de pessoas ocupadas. Já o nível da ocupação (porcentagem de pessoas trabalhando em relação à população em idade ativa) recuou 0,9 p.p., ficando em 57,8%.
A taxa composta de subutilização (que inclui desempregados, subocupados e desalentados) subiu 0,6 p.p., atingindo 15,9%. No total, 18,5 milhões de pessoas estão nessa condição, um aumento de 706 mil em relação ao trimestre anterior.
EMPREGO NÃO AVANÇOU EM NENHUM SETOR
No primeiro trimestre de 2025, nenhum grupamento de atividade econômica cresceu, havendo quatro setores marcando reduções significativas no número de trabalhadores.
O segmento mais afetado foi o da Construção, com uma queda de 5,0% em relação ao trimestre anterior, o que representa 397 mil pessoas a menos no mercado. No setor de Alojamento e alimentação houve um recuo de 3,3%, com 190 mil postos de trabalho perdidos.
A área de Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais também teve redução, de 1,6%, totalizando 297 mil ocupados a menos. Por sua vez, Serviços domésticos registraram uma diminuição de 4,0%, equivalente a 241 mil pessoas.
Cabe ressaltar também que a Indústria perdeu 43 mil postos em relação ao trimestre encerrado em dezembro de 2024.
Dessa forma, o número de trabalhadores no setor privado recuou 1,0% no trimestre findo em março, com menos 541 mil postos de trabalho, mas acumula alta de 3,0% no ano, somando 1,5 milhão de novas vagas.
O IBGE considera que o número de trabalhadores com carteira assinada não teve variação significativa na comparação com o trimestre móvel anterior (encerrado em dezembro), permanecendo em 39,4 milhões. Por outro lado, o número de empregados sem carteira no setor privado (13,5 milhões) apresentou um recuo de 5,3% no trimestre, com redução de 751 mil pessoas.
No setor público, o emprego encolheu 2,3% no trimestre, com 289 mil demissões.
O número de trabalhadores por conta própria ficou em 25,9 milhões, um crescimento de 2,0% em relação ao mesmo período do ano anterior, com 496 mil pessoas a mais nessa categoria. Os trabalhadores domésticos (5,7 milhões) recuaram 4,0% no trimestre (-238 mil) e 3,4% no ano (-202 mil).
Assim, a taxa de informalidade caiu para 38,0% da população ocupada, contra 38,6% no trimestre anterior e 38,9% no mesmo período de 2024.
Ao todo, são 38,9 milhões de trabalhadores exercendo atividade de trabalho sem a proteção de direitos trabalhistas, condicionadas a trabalhos precários, com jornadas excessivas e remunerações miseráveis.
RENDIMENTO MÉDIO
No trimestre encerrado em março, o rendimento médio real habitual dos trabalhadores brasileiros alcançou um novo patamar recorde, chegando a R$ 3.410 mensais. O valor, que considera todos os trabalhos exercidos na semana de referência da pesquisa, representa um crescimento de 1,2% em relação ao trimestre anterior e alta de 4% no ano.
A massa de rendimento total – soma dos valores recebidos por todos os ocupados foi estimada em R$ 345 bilhões, mantendo estabilidade no trimestre e crescendo 6,6% (mais R$ 21,2 bilhões) no ano.