
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) emitiram uma nota onde manifestam veemente repúdio aos ataques ao jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto, proferidos pelo tenente-coronel José Thomaz da Costa Júnior, comandante do 9° Batalhão de Operações Especiais (BAEP) da Polícia Militar do Estado de São Paulo, durante sua fala na tribuna livre da Câmara Municipal daquela cidade, na sessão do dia 22 de abril de 2025.
O 9° BAEP foi o responsável pela divulgação de vídeo de repercussão nacional no qual policiais militares fardados participam de um sinistro ritual que inclui uma cruz em chamas, vídeo que foi removido pelo próprio batalhão horas depois da publicação.
O Diário da Região e outras mídias do país publicaram matérias a respeito desse episódio criminoso, que, após denúncias, vem sendo investigado pela própria Polícia Militar.
As acusações desfechadas pelo comandante do 9º BAEP à repórter autora da matéria, além de infundadas, procuram na verdade lançar uma cortina de fumaça sobre as investigações em curso, por parte do MP e da própria Polícia Militar, valendo-se do conhecido artifício de “atacar o mensageiro”, procurando desmoralizar e desqualificar o jornal e a jornalista.
“Trata-se de um fato gravíssimo, que merece atenção especial não só do SJSP e da Fenaj, mas de todas as instituições de Estado encarregadas da defesa da democracia, das liberdades democráticas e dos direitos humanos, bem como das entidades da sociedade civil e movimentos sociais. Não é admissível tal comportamento de um oficial superior da Polícia Militar, comandante de batalhão: agredir verbalmente uma repórter e um jornal apenas porque exercitaram corretamente o jornalismo”, diz a nota.
O sindicato e a Fenaj solidarizam-se integralmente com a jornalista autora da matéria, que não foi citada nominalmente pelo tenente-coronel, mas é a óbvia destinatária das inaceitáveis ofensas e acusações proferidas pelo comandante do 9º BAEP.
As entidades afirmaram que tomarão todas as medidas legais e práticas que se façam necessárias na defesa dessa profissional, além de requerer as devidas providências do MP, da SSP, da Polícia Militar, Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania e demais órgãos públicos competentes.
“A hostilidade contra jornais e jornalistas precisa cessar, é intolerável por ser, claramente, uma tentativa de cercear o livre exercício do jornalismo. “Sem imprensa livre e sem jornalistas exercendo a profissão com segurança e condições dignas de trabalho não há verdadeira democracia. E sem verdadeira democracia corremos, todos, o risco de sucumbir”, continua a nota.
EM DEFESA DOS JORNALISTAS
O presidente do SJSP, Thiago Tanji, ocupou a tribuna da Câmara Municipal São José do Rio Preto na última terça-feira (29) para defender a liberdade de imprensa e a atividade profissional dos jornalistas da região. O SJSP esteve presente na Câmara Municipal de São José do Rio Preto com uma comitiva formada pela Secretária de Regionais, Solange Santana, e pelo Secretário de Formação Sindical e Profissional, Pedro Pomar, além de representantes da APEOESP e do Sindicato dos Radialistas.
A utilização da tribuna por parte do comandante do batalhão foi uma clara intimidação das forças policiais contra o exercício profissional da jornalista, buscando causar constrangimento e insegurança à profissional.
Hoje, a comitiva do SJSP esteve na redação do Diário da Região para conversar com os jornalistas e prestar solidariedade aos profissionais. Após a rápida visita, os diretores se dirigiram à Câmara para participarem da sessão.
Em sua fala, Tanji relembrou que a história do SJSP está diretamente ligada a defesa da democracia, ressaltando importantes lutas da entidade, como a denúncia do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, morto após se apresentar voluntariamente ao Departamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI). O presidente foi firme na defesa do livre exercício da atividade jornalística, expondo as contradições apresentadas na fala do comandante da PM-SP, e ressaltando a importância dos jornalistas para a manutenção de uma sociedade livre e democrática.
“O que não é aceitável, sob nenhuma hipótese, é que o trabalho jornalístico seja constrangido ou atacado, especialmente por instituições que devem zelar pela democracia, e por consequência, do jornalismo. Ao tentar desqualificar o trabalho de uma jornalista que apenas exerceu o seu dever de reportar os fatos com rigor, contexto e objetividade, há sinais claros, infelizmente, de uma tentativa de intimidação e cerceamento da livre atuação profissional”, disse Tanji aos presentes.
O presidente pediu diretamente aos vereadores que se comprometam em assegurar as condições de trabalho e a segurança dos jornalistas da cidade, defendendo o direito desses profissionais de realizarem suas atividades sem objeções. Thiago, por fim, dirigiu-se à PM-SP, em especial aos militares que atuam na região, para que revejam suas atitudes e cessem os ataques aos profissionais de imprensa da cidade.