
Cortes de salários devido à submissão dos governos gregos ao BC da Europa e FMI desde a crise de 2009 ainda permanecem e a Confederação Geral Grega do Trabalho (GSEE) alerta que 60% dos trabalhadores do país estão sem condições de sobreviver até o final do mês com seus salários de fome
Marinheiros entraram em greve de 24 horas, cortando todo o transporte marítimo, os motoristas de ônibus e metrô também pararam. A greve se estendeu por outros setores, incluindo universidades. Na cidade portuária de Tessalônica, além da suspensão das atividades do porto de Pireu, os ônibus também pararam.
A concentração em Tessalônica foi diante da estátua de Elefterios Vanizelos, líder do movimento de libertação nacional da Grécia contra a ocupação otomana. Em Atenas, os manifestantes se concentraram no centro da cidade e marcharam até a frente do parlamento.
Lucie Studnicná, que dirige o Comitê Econômico e Social Europeu dos Trabalhadores, divulgou carta de solidariedade aos gregos na qual condensa a situação dos trabalhadores e suas atuais reivindicações:
“Esta mobilização sublinha a dureza e as condições precárias dos trabalhadores gregos que ainda sofrem as consequências de uma crise financeira iniciada há mais de uma década.
“Isso implica em persistência dos salários rebaixados, diante do aumento do custo de vida, fragilidade dos direitos trabalhistas, que erodiram o padrão de vida e contribuem para a desigualdade social.
“Alertamos com preocupação que a Grécia está em último lugar em termos de poder de compra, tem o menor reajuste de Salário Mínimo, que é anunciado sem a devida consulta ao movimento syndical. Uma remuneração que não ajuda a attender as necessidades básicas dos operários.
“Dados fornecidos pelo Instituto do Trabalho da central GSEE, mostram um quadro duro: uma parcela crescent dos trabalhadores não consegue atender a suas necessidades básicas, em especial se são incluídos aluguel e calefação.
“Os dados mostram que 60% dos trabalhadores não conseguem garantir os recursos para fechar o mês o que leva ao corte de itens alimentares básicos e mais de 50% dos inquilinos gastam mais de 40% de sua renda para pagar aluguel e aquecimento”, informa Lucie.
Entre as demandas listadas pela central grega estão:
- Restauração das negociações com acordos coletivos de trabalho
- Retorno do estabelecimento dos reajustes no Salário Mínimo através de negociação coletiva
- Instituição da obrigatoriedade do atendimento às definições das negociações por parte dos patrões e do Estado
- Fortalecimento dos direitos individuais e coletivos, particularmente no que diz respeito ao teletrabalho, plataformas de trabalho e na participação dos trabalhadores nos processos de transição digital
- Liberação de impostos para as menores rendas, particularmente de trabalhadores e pensionistas
- Medidas anti-inflacionárias efetivas, incluindo monitoramento das práticas de precificação
- Expansão de moradias a preções accessíveis
- Aumento dos cuidados para evitar acidentes de trabalho e doenças de ocupação
- Total respeito à liberdade de sindicalização, livre de interferência pelo Estado ou patrões
Além disso, a GSEE destacou durante as manifestações, que “é crucial reafirmar o papel dos sindicatos na defesa da democracia, dignidade e justiça social”.