
As recentes denúncias de fraudes nos descontos das aposentadorias na ordem de R$ 6 bilhões por associações sindicais, se confirmadas, atestam o grau de degeneração dos envolvidos.
São 28,5 milhões de aposentados, ganhando salário mínimo (70% do total). Em milhares de municípios brasileiros esta é a principal receita que movimenta a atividade econômica local.
Portanto, não se trata apenas de um desvio dos recursos públicos, mas de um assalto a uma parcela da população que já deu a sua contribuição e agora depende da consciência do conjunto para sobreviver. São nossos velhos, que todo ser humano, com um mínimo de identidade com seu semelhante, sente que tem a obrigação de contribuir. Mas daí a assaltar seus minguados benefícios, está mais para psicopata do que para ladrão. E sendo gente ligada ao movimento sindical, então, é mais grave ainda.
A Previdência Social arrecadou, em 2024, R$ 686 bilhões. Existe uma campanha sistemática contra a Previdência, para empurrar essa grana aos bancos. Os prejuízos à imagem da Previdência, por obra de agentes públicos corruptos em coluio com a escória do movimento sindical podem ser pesados. Tudo isso é uma mão na roda para o rentismo,
O movimento dos aposentados em defesa da previdência pública, do poder de compra das aposentadorias e de sua vinculação ao salário mínimo contra o sistema financeiro e o cartel da mídia foi poderoso e conseguiu resistir às chamadas reformas, às calúnias “sobre o déficit insuportável para a sociedade”, inclusive, dos governos petistas.
Foi heroica a luta vitoriosa pela recomposição dos 147%: que precipitou o impeachment de Collor, que teve no saudoso Osvaldo Lourenço um dos seus principais líderes (quem não se lembra das manifestações massivas de idosos enfrentando a violência da tropa de choque), que consolidou na luta a confederação unitária dos aposentados. A entidade, posteriormente, foi dividida pelas pressões externas de algumas centrais contaminadas pela ideologia colonizada do pluralismo sindical.
Se for para atrapalhar, é melhor não se meter. Olha só no que deu.
CARLOS PEREIRA