
“Como médico, estou furioso. É uma abominação”, afirma chefe de Emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan
“Os corpos e as mentes das crianças palestinas da Faixa de Gaza estão sendo destruídos”, afirmou o chefe de Emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan, nesta quinta-feira (1), condenando os dois meses de bloqueio israelense de suprimentos médicos, combustíveis e alimentos e os constantes ataques aéreos, que se somam aos horrores praticados pelos sionistas desde outubro de 2023.
Conforme a OMS, desde o impedimento de qualquer ajuda humanitária nos últimos 60 dias, mais de 1.000 crianças perderam membros, milhares sofreram ferimentos graves na medula espinhal e na cabeça dos quais nunca se recuperarão, e um sem-número ficarão psicologicamente – e terminantemente – abalados.
“Temos que nos perguntar: quanto sangue é suficiente para satisfazer quaisquer que sejam os objetivos políticos”, lamentou Ryan. E acrescentou: “Estamos assistindo a isso se desenrolar diante de nossos olhos e não estamos fazendo nada a respeito. Estamos matando as crianças de Gaza de fome. Somos cúmplices. Como médico, estou furioso. É uma abominação”.
Diante do caos iminente, a Cruz Vermelha assinalou que a deterioração da higiene e do saneamento aumenta o risco de doenças transmitidas pela água. O último hospital que sobrevivia em pé foi mandado pelos ares e os espaços adaptados para prestar socorro enfrentam graves dificuldades devido à falta de alimentos e suprimentos médicos.
Controlando rigorosamente todos os fluxos de ajuda internacional, vitais para os 2,3 milhões de palestinos de Gaza, sob o pretexto de que o Hamas teria feito um túnel inexistente – obra de ficção já desmentida por um ex-comandante sionista – as tropas de Netanyahu suspenderam a chegada de qualquer apoio, que vinham para reduzir o caos gerado após 15 meses de invasão.
“No mês passado, 15 profissionais da saúde, da defesa civil e da ajuda humanitária, incluindo oito médicos do Crescente Vermelho Palestino, foram brutalmente assassinados”, lembrou a Cruz Vermelha, frisando que os danos às instalações “prejudicaram o sistema de saúde em colapso na Faixa”. “Sem ação imediata, Gaza mergulhará ainda mais no caos, que os esforços humanitários não conseguirão mitigar”, destacou.
Israel interrompeu a entrega de ajuda humanitária a Gaza desde o início da agressão à Faixa, em outubro de 2023 e, apertando o torniquete, impôs um bloqueio total a partir de dois de março. Diante da gravidade da situação, as Nações Unidas têm alertado repetidamente sobre a catástrofe humanitária diante da fome iminente, reforçando nesta semana o alerta de que a desnutrição aguda entre as crianças de Gaza piora a cada dia.
EUA DÃO APOIO FINANCEIRO, POLÍTICO E MILITAR AO GENOCÍDIO
Enquanto isso, com o beneplácito de Trump, as tropas de Netanyahu continuam assassinando sem trégua a população de Gaza com ataques aéreos e bombardeios de artilharia. A defesa civil informou que pelo menos 29 palestinos foram mortos na quinta. Entre eles, oito morreram em um ataque aéreo à casa da família Abu Sahlul no campo de refugiados de Khan Younis, quatro abatidos em um ataque a Al-Tuffah, na Cidade de Gaza, e outros perderam a vida em um bombardeio a uma tenda que abrigava deslocados perto da cidade central de Deir Al-Balah.
“Viemos aqui e encontramos todas essas casas destruídas, e crianças, mulheres e jovens, todos bombardeados. Isso não é jeito de viver. Chega, estamos cansados, chega. Não sabemos mais o que fazer com nossas vidas. Preferimos morrer a viver esse tipo de vida”, descreveu o sobrevivente Ahmed Abu Zarqa, após um ataque mortal em Khan Younis.