
“Jamais aceitaremos a presença do exército dos Estados Unidos em nosso território”, afirmou a presidente Claudia Sheinbaum, ao admitir que seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, ofereceu em mais de uma ocasião enviar soldados dos EUA ao território mexicano para combater atividades do narcotráfico.
“Ontem, o The Wall Street Journal noticiou que o presidente Trump, em algumas ligações me disse que era importante que as Forças Armadas dos Estados Unidos entrassem no México para nos ajudar na luta contra o narcotráfico”, afirmou Claudia durante a inauguração de um campus da Universidade Benito Juárez, no Lago Texcoco, no sábado (3).
“É verdade, em algumas ligações […] ele disse: ‘como podemos ajudar na luta contra o narcotráfico? Proponho que o Exército dos EUA entre [para apoiá-los]’. E sabem o que eu [respondi]? ‘Não, presidente Trump, o território é inviolável, a soberania é inviolável. A soberania não se vende. A soberania se ama e se defende’.
A presidente acrescentou que “não há necessidade; podemos colaborar; podemos trabalhar juntos, mas vocês no seu território, nós no nosso. Podemos compartilhar informações, mas jamais aceitaremos a presença do exército dos Estados Unidos em nosso território”.
“Se você quiser nos ajudar, presidente Trump, ajude-nos a impedir que armas dos Estados Unidos entrem no México. E veja como são as coisas, ontem ele deu uma ordem para que houvesse tudo o que for necessário para impedir que armas dos Estados Unidos entrem em nosso país. Em outras palavras, podemos colaborar, podemos cooperar”, frisou.
“COOPERAÇÃO SIM, SUBORDINAÇÃO NÃO!”
“Cooperação sim, subordinação não”, enfatizou a presidente. “Eu sempre defendo a soberania do México. O México é um país livre, independente e soberano. É isso que o povo mexicano quer, e é isso que a presidente da República sempre defende. Essa é a grandeza do México”, concluiu.
Com o argumento de coibir tráfico de drogas nos Estados Unidos, bem como a chegada de milhares de imigrantes ilegais, Donald Trump ameaçou impor uma tarifa de 25% ao México e ao Canadá até que eles tomassem medidas sobre o assunto.
A medida foi suspensa por um mês em fevereiro graças a atitude firme da presidente mexicana. “Que se ouça claramente, que se ouça longe: o México não é colônia de ninguém, não é protetorado de ninguém, o México é um país livre, independente e soberano”, disse em resposta às provocações de Trump.
Em março, a medida foi restabelecida e, após nova rodada de negociações, decidiu-se excluir do imposto os produtos abrangidos pelo acordo comercial EUA-Canadá-México (USMCA, na sigla em inglês).