
Entre as cidades por onde marchou o Regimento Imortal em homenagem à vitória de toda a Humanidade contra o nazismo estão Pequim, São Paulo, Hanói, Calcutá, Roma, Berlim, Washington, Ancara, Buenos Aires e Caracas. Um “dia santo” para cada família russa, “não existe nenhuma família que não perdeu ninguém”, disse o embaixador russo no Brasil, Alexei Labetskiy
Às vésperas das comemorações do Dia da Vitória em 9 de Maio e da celebração em Moscou dos 80 anos da derrota do nazismo e capitulação da Alemanha hitlerista, foram realizadas marchas do Regimento Imortal em quatro continentes, homenageando a todos que lutaram pela liberdade, garantindo que seus sacrifícios não sejam esquecidos e consolidando a memória da participação da União Soviética na guerra, com 75% da tropa hitlerista sendo destruída na frente oriental, ao custo de 27 milhões de vidas soviéticas e sacrifícios do porte de Stalingrado.
No Regimento Imortal, os cidadãos marcham com retratos de seus parentes que lutaram contra a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial, que os soviéticos chamam de Grande Guerra Patriótica. A ideia surgiu em 2012 na cidade russa de Tomsk e se espalhou pelo mundo.
Entre as cidades onde nestes 80 anos da Vitória ocorreram marchas do Regimento Imortal estão Pequim, São Paulo, Hanói, Calcutá, Roma, Nápoles, Berlim, Washington, Amsterdã, Ancara, Rabat, Seul, Buenos Aires e Caracas.
No Brasil, na segunda-feira (5), uma centena de pessoas se reuniu em São Paulo, no auditório Franco Montoro da Assembleia Legislativa, após homenagem aos pracinhas da Força Expedicionária Brasileira, depositando uma coroa de flores no monumento da Praça Carlos Gardel, nas proximidades. Dali os manifestantes seguiram até à Assembleia, empunhando fotos de seus heróis.
“LENINGRADO, STALINGRADO”
Por videoconferência, o embaixador russo no Brasil, Alexey Labetskiy, saudou a data da vitória de “toda a humanidade contra o nazifascismo”, um “dia santo” para cada família russa, “não existe nenhuma família que não perdeu ninguém”.
“É uma comemoração que tem como tarefa conservar a memória do que foi feito para libertar não só nosso povo, mas a humanidade inteira”, lembrando os sacrifícios em “Leningrado, Stalingrado”.
“Nunca vamos desistir, nunca vamos esquecer”, reiterou o embaixador, destacando que “hoje somos muito fortes na defesa de nossa identidade, contra novas tentativas de fazer renascer as ideologias fascistas, supremacistas”.
Ao destacar a presença do presidente Lula em Moscou nesse “aniversário glorioso”, o embaixador Labetskiy lembrou que o Brasil “foi o único país latino-americano” a enviar seus soldados para combater o fascismo na Europa.
“PARA NÓS, HOJE, ESTARMOS AQUI”
Também o presidente da comissão de Relações Exteriores da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado Maurici (PT), que acolheu o evento e as entidades da comunidade russa do Brasil que o organizaram, expressou seu apreço pela data e ida do presidente Lula à festa dos 80 anos da vitória.
Representante da Casa Russa no Brasil, Elias Zakharov, empunhando o retrato de seu bisavô, chamou a honrar a memória daqueles que se sacrificaram “para nós, hoje, estarmos aqui”.
O ato contou, ainda, com a presença de Ian, neto do ex-pracinha da FEB e artista plástico Carlos Scliar, do acadêmico Valdir Bezerra, que coordena o livro, cujo lançamento será em breve, sobre os ’80 Anos da Vitória na Grande Guerra Patriótica’, e ainda emocionada declamação de um poema sobre a resistência ao invasor alemão e a apresentação do Coral do Grupo Volga, que brindou os presentes com a canção soviética “Katyusha”.
Na terça-feira (6), marchas em Hanói, capital do Vietnã, Seul, na Coreia do Sul, e Nicósia, capital de Chipre, onde a coluna foi liderada pelo embaixador russo, Murat Zyazikov, que carregava uma fotografia de seu avô, Magomet Zyazikov, que defendeu Malgobek, no Cáucaso do Norte, dos invasores nazistas.
Em Pequim, cerca de 1.000 pessoas compareceram ao evento, de acordo com a agência de notícias russa TASS, em ato com a presença do embaixador russo Igor Morgulov. Em Moscou, a China estará presente no 9 de Maio, com a presença do presidente Xi Jinping e participação, no desfile, de delegação do Exército de Libertação do Povo.
UMA FITA DE SÃO JORGE DE 20 METROS
Na Europa, em grande parte libertada do jugo nazista pelo Exército Vermelho em 1945, apesar da russofobia e cumplicidade com o neonazismo ucraniano vigentes atualmente, não houve como evitar que irrompessem as homenagens aos heróis russos e soviéticos.
A infâmia dos atuais dirigentes da União Europeia chegou ao ponto de “proibir” a presença de representantes russos nas cerimônias oficiais dos 80 anos da vitória na II Guerra e pressionar chefes de governo que anunciaram a ida a Moscou no 9 de Maio.
Apesar disso, o Regimento Imortal se mostrou em Roma e Nápoles, na Itália. “Compartilhamos de seus sentimentos, de sua dor e de seus ideais. Somos solidários ao povo da Rússia, especialmente hoje. Existe uma interpretação própria no Ocidente, mas felizmente há pessoas que estão prontas para preservar a verdade para as gerações futuras”, disse um participante do ato do “Regimento Imortal” em Nápoles.
“Querem distorcer a história, e isso não é bom. É para isso que serve a história, ela viverá na memória e no coração das pessoas”, concluiu outra participante. Em Ancara, uma fita de São Jorge de 20 metros foi exibida.
Em Berlim, no domingo, centenas de pessoas, com bandeiras soviéticas e russas, se reuniram junto ao Memorial ao Soldado Soviético, como registrado pelo correspondente do Times of India. Os manifestantes classificaram a exclusão da Rússia da celebração da vitória na II Guerra como “irresponsável”. Um dos oradores, o ex-dirigente da Alemanha Democrática, Egon Krenz, advertiu que “não é possível haver paz sem a Rússia ou contra a Rússia”.
DO OUTRO LADO DO ATLÂNTICO
Na capital dos EUA, Washington, cerca de 200 pessoas com retratos de seus parentes veteranos e bandeiras vermelhas homenagearam os heróis da luta contra o nazismo. Entre eles, diplomatas russos e cidadãos russos e de ex-repúblicas soviéticas residentes nos EUA, segundo a TASS. O último Regimento Imortal havia sido realizado em 2019. Um grupinho de banderistas tentou perturbar a celebração da derrota de Hitler, de acordo com o jornal Izvestia.
Na capital da Argentina, Buenos Aires, mais de 200 pessoas, tanto cidadãos russos quanto locais, além de diplomatas venezuelanos, cubanos e sérvios, prestaram homenagem aos veteranos do Exército Vermelho. E ainda em Caracas, capital de Venezuela, quase 500 pessoas foram às ruas.