
Conselho de Segurança das Nações Unidas defendeu diálogo entre os dois vizinhos e potências nucleares. Acusados por Nova Déli de cooperar com terroristas, paquistaneses se comprometeram a cooperar para uma investigação transparente, independente e internacional do caso, a fim de acabar com o conflito
Em reunião a portas fechadas na última segunda-feira (5), o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) defendeu que os governos da Índia e do Paquistão priorizem o diálogo e evitem um “confronto militar” que possa sair do controle e ganhar projeções insustentáveis para duas potências nucleares.
A Índia afirmou ter bombardeado com mísseis as instalações de um grupo terrorista nos territórios do Paquistão e da Caxemira, a parte administrada pelo Paquistão. Segundo Nova Déli, o ataque ocorreu em resposta ao atentado que matou 26 turistas na Caxemira no dia 22 de abril. A partir daí os dois países trocaram tiros por 12 dias.
“Agora é o momento de máxima contenção e de recuar do abismo”, afirmou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, diante do conflito em curso, que tem elevado a tensão no Sul da Ásia.
O governo paquistanês declarou que não financia grupos extremistas, que não está por trás dos assassinatos e se comprometeu em cooperar para uma investigação transparente, independente e internacional do caso, a fim de acabar com o conflito.
TROCA DE FARPAS
O Exército Indiano disse que o Paquistão continuou a violar um acordo de cessar-fogo de fevereiro de 2021, recorrendo a disparos de armas de pequeno porte sem provocação a partir de postos na Linha de Controle, que é a fronteira de fato entre os dois países na Caxemira.
O embaixador de Islamabad na ONU, Asim Iftikhar, lembrou que seu país havia levantado uma “voz efetiva contra as ações indianas” e também expressou reservas quanto à decisão de Nova Déli de suspender o Tratado das Águas do Indo, que regulamentava o compartilhamento de água entre as duas nações, com décadas de existência, chamando-o de violação do direito internacional.
RÚSSIA APELA PELO DIÁLOGO
“Estamos profundamente preocupados com a escalada do confronto militar entre a Índia e o Paquistão”, declarou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, que fez um “apelo às partes envolvidas para que exerçam contenção a fim de evitar uma maior deterioração da situação na região”. Para a Rússia, todos os temas devem ser de debates para que se alcance a convergência e o que for melhor para ambos.
“Esperamos que as divergências existentes entre Nova Déli e Islamabad sejam resolvidas por meios político-diplomáticos pacíficos, em bases bilaterais, em conformidade com as disposições do Acordo de Simla de 1972 e da Declaração de Lahore de 1999″, enfatizou a Rússia.