
Para frear a economia, Selic vai a 14,75%, o maior patamar desde 2006, com juro real próximo de 9%
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, nesta quarta-feira (7), aumentar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, elevando-a de 14,25% para 14,75% ao ano, proibindo o Brasil de crescer e gerar bem-estar social. Esta é a sexta alta consecutiva do juro básico da economia. É a maior taxa desde julho de 2006 (15,25%).
Com uma taxa de juros reais (descontada a inflação da taxa Selic) próxima de 9%, o Brasil segue entre os países com o juro real mais alto do planeta.
Em comunicado, o Copom afirma que “entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante”. Para a próxima reunião do colegiado, “a calibragem do aperto monetário apropriado”, diz o Copom, “dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica”.
Em declarações feitas na última semana de abril, o presidente da autarquia financeira, Gabriel Galípolo, afirmou que o Banco Central manterá a política monetária contracionista pelo tempo necessário para conter a demanda e a produção – e, como consequência, a geração de emprego -, com o objetivo de cumprir a meta de inflação e frear a economia.
“Vamos colocar a taxa de juros no patamar que for restritivo o suficiente e no patamar necessário para cumprir a meta”, afirmou Galípolo, durante entrevista coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024.
O impacto da alta dos juros restringirá ainda mais o crédito (já caro) para empresas e famílias, enquanto ampliará os lucros de bancos e rentistas por meio de aplicações financeiras atreladas à Selic.
A cada meio ponto percentual na taxa Selic, são mais R$ 25 bilhões desviados dos cofres públicos para bancos e demais rentistas. Somente em março deste ano, o Estado brasileiro gastou R$ 75,2 bilhões com os juros da dívida pública. No acumulado dos últimos doze meses até março, as despesas do setor público (União, estados, municípios e empresas estatais) com juros totalizaram R$ 935 bilhões, valor equivalente a quase 8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
ANTONIO ROSA