
Iedi destaca a “desaceleração de bens de capital para transporte, indústria, energia e, principalmente, de bens de capital de uso misto, que ficaram virtualmente estagnados”
A produção da indústria de bens de capital caiu 0,7% em março de 2025 na comparação com fevereiro deste ano, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na quarta-feira (8). Em relação a março de 2024, o recuo foi de 0,2%.
De acordo com o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o resultado negativo reflete “o peso da elevação das taxas de juros no país” – que impacta nossos investimentos em máquinas e equipamentos e outros suprimentos que são usados para produzir outros bens para as indústrias.
“Bens de capital, após um longo período no negativo, entre meados de 2022 e início de 2024, vinha ampliando a produção a taxas de dois dígitos, chegando a +14,2% no 4º trimestre/24. Este ritmo caiu para +5,2% em jan-mar/25, com a desaceleração de bens de capital para transporte, indústria, energia e, principalmente, de bens de capital de uso misto, que ficaram virtualmente estagnados” afirma o Iedi, em nota.
“A produção de bens de capital recuperou em mar/25 e, entre os macrossetores, foi quem mais desacelerou no 1º trimestre/25, embora não tenha sido o único”, também ressalta o instituto.
Ajudada pelos desempenhos das indústrias extrativas (+2,8%) e pelas indústrias de transformação (+0,9%), a produção industrial do Brasil avançou 1,2% em março frente a fevereiro, na série sem ajuste sazonal, interrompendo uma sequência de cinco meses de resultados fracos ou negativos. Entre outubro de 2024 e fevereiro de 2025, o setor oscilou entre quedas e pequenas altas próximas de zero: -0,9% (out/24), -0,7% (nov/24), -0,3% (dez/24), 0,1% (jan/25) e 0,0% (fev/25).
De acordo com o Iedi, a estagnação no setor nestes quase seis meses coincide com o período de alta nas taxas de juros. “Em março deste ano, a produção industrial voltou a se expandir, interrompendo uma fase de resultados fracos ou negativos desde outubro do ano passado. O desempenho de parte do setor, entretanto, continua restringido pela elevação das taxas de juros e pela conjuntura internacional mais incerta”.
Conforme o Iedi, a produção de bens de consumo reforçado, sensível ao nível dos juros, desacelerou com maior intensidade nos itens que desativaram o comprometimento maior do orçamento familiar ou mais endividamento.
“Casos de automóveis (de +14,1% no 4º trim/24 para +8,7% no 1º trim/25) e eletrodomésticos da linha branca (de +20% para +5,1%).O segmento de móveis também deixou de crescer a taxas de dois dígitos”, aponta o instituto.
Por outra via, em bens intermediários, a produção caiu pela metade, passando de +2,8% (out-dez/24) para +1,3% (jan-mar/25). A recuperação foi influenciada principalmente pelo desempenho do setor automobilístico (de +19,7% para +9,6%), além da perda de dinamismo em insumos para construção civil, siderurgia e embalagens, e da queda na produção de celulose e derivadas de petróleo.
Com todo o alerta do setor produtivo, o Banco Central manteve sua política de arrocho monetário e elevou, nesta quarta-feira (7) a taxa básica da economia em mais meio ponto percentual, de 14,25% para 14,75%, com os juros reais se aproximando de 9%, estrangulando os investimentos, as vendas e o consumo das famílias.