
Os presidentes Xi Jinping e Vladimir assinaram acordos bilaterais nas áreas de educação, mídia, cultura e desenvolvimento digital, além do campo de investimentos e finanças
Os presidentes da China e da Rússia, Xi Jinping e Vladimir Putin, anunciaram a aceleração da construção do gasoduto Força da Sibéria-2 (“Sila Sibiri-2” no original em russo), que passará a ser prioridade para os dois países. O anúncio foi feito durante reunião no Kremlin, na quinta-feira (8), na véspera do Dia da Vitória contra o nazifascismo, cuja parada em Moscou, Xi Jinping compareceu junto com chefes de Estado de todo o Planeta.
O projeto prevê o fornecimento anual à China de 50 bilhões de metros cúbicos de gás natural a partir de jazidas da Sibéria Ocidental e prevê a passagem das tubulações pelo território da Mongólia, país com o qual a Gazprom – maior empresa de gás natural russa – já assinou um plano de negócios conjuntos.
A área energética continua sendo o carro-chefe da relação entre os dois países, e a Rússia não só liderou as exportações de petróleo para a China, como também ficou em primeiro lugar nas exportações via gasoduto.
Neste ano, Moscou planeja aumentar o fornecimento de petróleo e gás para Pequim por meio de canais já existentes, enquanto os suprimentos de carvão serão reduzidos.
Já em funcionamento, o Força da Sibéria transporta gás natural das jazidas da República da Yakutia e da província de Irkutsk para a China e é a maior rede de gasodutos do Extremo Oriente russo.
Durante o encontro, Xi Jinping e Putin assinaram 86 acordos bilaterais nas áreas de educação, mídia, cultura e desenvolvimento digital, além de investimentos e finanças. “Claro, isso está longe de ser o limite”, afirmou Putin, destacando que o comércio bilateral bateu recorde em 2024, com US$ 244,9 bilhões.
“EXEMPLO DE COMUNICAÇÃO INTERESTATAL NO SÉCULO XXI”
Na avaliação do líder russo, a parceria é “um exemplo de comunicação interestatal no século XXI”, baseada em “igualdade, benefício mútuo e respeito à soberania”. Segundo Putin, a aliança com a China tem avançado em todos os setores, com foco em “aumentar o nível de independência financeira e tecnológica da nossa cooperação”.
Putin e Xi também assinaram uma declaração conjunta de estabilidade estratégica global, se comprometendo a aprofundar sua parceria para o início de uma nova era, ao mesmo tempo em que comemoram o 80º aniversário da Vitória da União Soviética na Grande Guerra Patriótica, da Vitória do povo chinês na Guerra de Resistência contra a Agressão Japonesa e da criação das Nações Unidas.
A parceria entre os dois países também é crescente, com a Rússia tornando-se o principal importador mundial de automóveis chineses. Outros avanços incluem o fortalecimento do comércio agrícola, o crescimento logístico – com 176 milhões de toneladas transportadas em 2024 (aumento de 9%) – e a intensificação dos laços culturais e turísticos. “O fluxo turístico bilateral em 2024 ultrapassou 2,8 milhões de pessoas”, citou Putin.
“Juntos, defendemos a formação de uma ordem mundial multipolar mais justa e democrática”, assinalou o líder russo, reiterando o papel da aliança como “fator estabilizador” frente à atual conjuntura geopolítica global.
“China e Rússia têm explorado com sucesso uma maneira correta de conviver como grandes vizinhos”, acrescentou Xi, ressaltando que a parceria tem sido fundamental para a “estabilidade estratégica global” e para o fortalecimento de um mundo multipolar.