Após ameaçar com exílio e cadeia a todos os que não se curvarem às suas vontades, o candidato Jair Bolsonaro afirmou que, se eleito, fará um governo de conciliação.
Não é novidade. Ao tomar posse como ditador, em 30 de outubro de 1969, o general Médici, usou o mesmo expediente, acenando com a distensão e a concórdia.
Ele disse: “Neste momento eu sou a oferta e a aceitação. Não sou promessa. Quero ser verdade e confiança, ser a coragem, a humildade, a união. Oferta de meu compromisso ao povo, perante o Congresso de seus representantes, quero-a um ato de reverdecimento democrático”.
Lembremos aonde foi parar o “reverdecimento democrático” prometido por Médici, afogado em sangue e tortura, para não termos dúvidas de como seria a “conciliação” anunciada por Bolsonaro.
Não é por acaso que Bolsonaro considere Médici o melhor governante que o Brasil já teve.
Mentir é parte integrante e indispensável a todo projeto ditatorial.
A democracia necessita da verdade, do conhecimento, da ciência, da luz. E tanto quanto a ditadura precisa da mentira, da ignorância, da superstição e das trevas.
No íntimo dos grandes mentirosos, daqueles mais patológicos, há um insaciável desejo de submeter o mundo a seus caprichos. Para desse barro sair um ditador, é só questão de oportunidade. Depois, para tirá-lo do poder, é uma trabalheira.
(S.R.)