
Após reunião com XI Jinping, presidente brasileiro disse que os EUA nunca fizeram com que uma economia tenha conseguido se desenvolver e “dar um salto de qualidade”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na terça-feira (13) em Pequim, que “China e Brasil estão determinados a unir suas vozes contra o unilateralismo”. “Guerras comerciais não têm vencedores. Elas elevam os preços, deprimem as economias e corroem a renda dos mais vulneráveis em todos os países”, denunciou Lula.
As declarações foram feitas após reunião de Lula com o presidente da China, Xi Jinping. “O presidente Xi Jinping e eu defendemos um comércio justo e baseado nas regras da Organização Mundial do Comércio”, prosseguiu o líder brasileiro, ao anunciar que a China fará novos investimentos no Brasil que somam cerca de R$ 27 bilhões. Os aportes envolvem áreas como energia limpa, carros elétricos, mineração e delivery.
“Há anos, a ordem internacional já demanda reformas profundas. Nos últimos meses, o mundo se tornou mais imprevisível, mais instável e mais fragmentados. China e Brasil estão determinados a unir suas vozes contra o unilateralismo e o protecionismo”, destacou Lula. “Superar a insensatez dos conflitos armados também é pre-condição para o desenvolvimento”, apontou o presidente do Brasil.
Lula foi enfático ao denunciar o assassinato em massa de palestinos em Gaza. “A humanidade se apequena diante das atrocidades cometidas em Gaza. Não haverá paz sem um Estado da Palestina independente e viável vivendo lado a lado com o Estado de Israel. Somente uma ONU reformada poderá cumprir ideais de paz, direitos humanos consagrados em 1945″, afirmou, acrescentando que “os entendimentos comuns entre Brasil e China para uma resolução política para crise na Ucrânia oferecem base para um diálogo abrangente que permita o retorno da paz à Europa”.
Lula condenou a guerra de tarifas contra o mundo todo, iniciada por Donald Trump, e disse que os EUA nunca fizeram com que uma economia tenha conseguido se desenvolver e “dar um salto de qualidade”. “Mesmo aqueles países que sobrevivem, e alguns têm maior população nos Estados Unidos do que no seu próprio país, não conseguiram se desenvolver”, declarou Lula.
Ele elogiou os acordos feitos pelo Brasil com a China e disse que eles são um exemplo de cooperação. “Eu acho que o exemplo que Brasil e China estão dando nesse momento é um exemplo gratificante para as futuras gerações”, afirmou Lula, citando “a construção de um mundo mais justo” e “compartilhado”. O líder chinês também criticou as guerras comerciais e declarou que China e Brasil concordam que ninguém sai ganhando neste tipo de disputa. “China e Brasil vão defender juntos o livre comércio e o sistema multilateral”, declarou.
Lula destacou a atuação do gigante asiático contra a fome. “A China, de forma admirável, conseguiu tirar 800 milhões de cidadãos da pobreza em apenas quarenta anos. Unir esforços para combater essas chagas é o propósito da Aliança Global lançada pelo Brasil no G20 no ano passado”, disse o presidente. Lula apontou ainda que a ‘China e Brasil também trabalham juntos para enfrentar a crise climática”. “Vamos atuar em prol de metas ambiciosas de redução de emissões de gases de efeito estufa”, acrescentou.
O presidente brasileiro comemorou as assinaturas de cooperação em várias áreas. “Com o programa Satélite de Recursos Terrestres Brasil-China, lançaremos dois satélites adicionais (o CBERS 5 e 6). Vamos gerar e compartilhar imagens para uso ambiental, agrícola e meteorológico com os países do Sul Global”, disse Lula. “Hoje, estabelecemos um fórum para dinamizar a relação entre estaleiros brasileiros e chineses, em linha com o compromisso do meu governo de resgatar a indústria naval nacional”, prosseguiu Lula.
Na área de saúde, a China poderá apoiar a construção de vacinas e de equipamentos médicos modernos. “Com os protocolos que assinamos ontem na área de saúde, estamos expandindo a capacidade brasileira de produção de remédios e vacinas, e de manufatura de equipamentos médicos”, disse Lula. “O presidente Xi e eu também conversamos sobre mobilização de financiamento para projetos de infraestrutura, sustentabilidade e energia”, destacou o presidente.
“Há poucas semanas, uma missão chinesa esteve no Brasil para examinar oportunidades de investimento em infraestrutura no âmbito das Rotas de Integração Sul-Americana. As Rotas são mais do que corredores de exportação entre o Atlântico e o Pacífico: são vetores de indução do desenvolvimento”, apontou Lula, comemorando o sucesso do encontro empresarial. “O evento empresarial realizado ontem [segunda-feira,12], que reuniu mais de 700 participantes, demonstra a pujança de nossas empresas e o potencial dos investimentos recíprocos”, disse Lula.
Lula destacou que Brasil e China nunca estiveram tão próximos. “Para aproximar ainda mais nossas sociedades, vamos realizar o Ano Cultural Brasil-China em 2026 e ampliar incentivos para desenvolver o mercado do turismo. Os quase 30 atos que assinamos hoje comprovam o dinamismo que o presidente Xi e eu temos imprimido ao relacionamento bilateral. Não é exagero dizer que, apesar dos mais de quinze mil quilômetros que nos separam, nunca estivemos tão próximos’, afirmou o presidente.
Ele disse que espera “retribuir a calorosa acolhida que recebi do presidente Xi Jinping ao encontrá-lo na Cúpula do BRICS, em julho”. “O BRICS será, cada vez mais, um espaço fundamental de coordenação do Sul Global para a construção de uma ordem multipolar, mais justa e eficaz”, completou o líder brasileiro.