
Na terça-feira (13/5), a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou suas alegações finais no processo que investiga os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, ocorrido em março de 2018. O órgão pediu a condenação dos cinco réus envolvidos no caso:
- Chiquinho Brazão
- Domingos Brazão
- Rivaldo Barbosa
- Ronald Paulo Alves Pereira
- Robson Calixto da Fonseca
O vice-procurador-geral Hindenburgo Chateaubriand argumentou que Chiquinho Brazão, Domingos Brazão, Rivaldo Barbosa e Ronald Pereira devem ser condenados por homicídio qualificado (duplamente, no caso de Marielle e Anderson) e por tentativa de homicídio contra a assessora Fernanda Chaves, que sobreviveu ao ataque.
Além disso, a PGR pediu a condenação dos irmãos Brazão e de Robson Fonseca por integrarem uma organização criminosa.
A PGR revelou novos detalhes sobre o planejamento do atentado. Segundo as investigações, os executores Ronnie Lessa e Edmilson “Macalé” – contratados pelos Brazão – começaram a monitorar a rotina de Marielle ainda no segundo semestre de 2017.
O grupo contou com a ajuda de milicianos de Rio das Pedras, incluindo Ronald Paulo Alves Pereira, homem de confiança dos Brazão. A ordem era que o crime não ocorresse em trajetos próximos à Câmara Municipal do Rio.
Lessa e Macalé usaram um veículo clonado (um Chevrolet Cobalt), obtido com auxílio de Maxwell Simões Corrêa e Otacílio Antônio Dias Júnior, para acompanhar os movimentos da vereadora.
O monitoramento se intensificou em fevereiro de 2018. Dois dias antes do assassinato, os acusados percorreram rotas compatíveis com as da vítima.
De acordo com o depoimento de Ronnie Lessa, no dia 14 de março de 2018, Ronald Pereira entrou em contato com Macalé (usando o telefone de Laerte) para informar que Marielle estaria na Rua dos Inválidos, na “Casa das Pretas”, e que seria uma oportunidade para o crime.
A PGR destacou que há registros de comunicação intensa entre Ronald e Laerte nos dias anteriores ao assassinato, reforçando a tese de prévia articulação.
Munidos dessa informação, Lessa e Elcio Queiroz se posicionaram no local e aguardaram a saída de Marielle, que estava acompanhada por Fernanda Chaves. Os tiros que se seguiram mataram a vereadora e Anderson Gomes, além de ferir gravemente Fernanda.
Chateaubriand afirmou que as provas não deixam dúvidas sobre o envolvimento dos irmãos Brazão como mandantes do crime. O caso agora aguarda o julgamento, que pode definir a punição para os acusados.
O assassinato de Marielle Franco chocou o país e se tornou um símbolo da violência política e da impunidade. A condenação dos responsáveis seria um marco na luta por justiça e no combate a milícias e crimes de natureza política.