
Destacado repórter de campo e diretor da agência de notícias Alam24, Hassan Islayeh foi o 215º jornalista assassinado pela tropa de Netanyahu em Gaza. Com mais dois assassinados nesta quinta-feira o número de mortos entre os profissionais de imprensa na região vai a 217
Israel executou com um ataque de drone nesta terça-feira (13) o proeminente jornalista palestino Hassan Abdel Fattah Islayeh enquanto recebia tratamento no que sobrou do Hospital Nasser, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza. De acordo com a imprensa local, foi um “assassinato deliberado”, quando se encontrava há mais de um mês na unidade de queimados. A ação, assinalaram, “é uma clara tentativa de silenciar a voz livre e suprimir a verdade”.
Destacado repórter de campo e diretor da agência de notícias Alam24, com mais de meio milhão de seguidores no Instagram, Hassan se recuperava de ferimentos sofridos em um ataque aéreo israelense ocorrido em abril. A ação anterior tinha sido dirigida contra uma tenda de profissionais de imprensa, próxima ao mesmo hospital e havia matado dois jornalistas – entre eles seu colega Helmi al-Faqawi -, e ferido outros sete. Embora buscasse Hassan, atingindo seu celular, ele havia conseguido sobreviver.
As tropas nazisraelenses já haviam atacado até mesmo o prédio de emergência do hospital, tendas do lado de fora de seus portões, sitiado o complexo por mais de uma semana e prendido dezenas de pacientes e profissionais de saúde. Desde 7 de outubro de 2023, bombardearam ou incendiaram pelo menos uma vez a todos os hospitais de Gaza.
Nesta quinta-feira o morticínio de jornalistas palestinos recrudesceu com mais dois profissionais de imprensa assassinados, elevando o número dos que perderam a vida sob balas e bombas isralenses a 217, o maior registro de periodistas mortos em conflito de toda a história.
Hassan Sammour foi morto junto com 11 membros de sua família em um bombardeio a sua casa na cidade de Bani Suheila, a leste de Khan Yunis.
No mesmo dia, o jornalista da rede de notícias Quds, Ahmed al-Helou, foi morto em ataque israelense contra Khan Yunis.
“PADRÃO DE ATAQUES MORTAIS DE ISRAEL”
O escritório de Direitos Humanos da ONU condenou o que qualificou de “padrão de ataques mortais de Israel em hospitais de Gaza e arredores”, no que deve ser considerado crimes de guerra ou crimes contra a humanidade.
A agência humanitária Médicos Sem Fronteiras enfatizou que a investida sionista foi “horrível”. A coordenadora de emergência, Clare Manera, destacou ter ocorrido em um momento em que os profissionais de saúde “lutavam para tratar pacientes com pouco ou nenhum suprimento”.
A perseguição do governo Netanyahu e da mídia israelense contra Hassan vem desde a corajosa cobertura de linha de frente adotada pelo profissional a partir de outubro de 2023, quando desmascarou o genocídio praticado pelos sionistas, que passaram a rotulá-lo – sem nenhuma prova – como filiado ao Hamas.
O repórter sempre esclareceu atuar com absoluto profissionalismo, apresentando informações que desnudavam as mentiras e covardias dos agressores. “Muitos jornalistas israelenses entraram em Gaza [durante a guerra] integrados ao exército [sionista]. Participaram do bombardeio e da destruição de casas. Isso é considerado normal para eles, mas não para nós?”, questionou Hassan, em gravação de voz ouvida pelo Middle East Eye (MEE).
O destacado jornalista também descreveu como o exército israelense buscou reiteradamente contatá-lo por meios indiretos, se passando por várias identidades, como jornalistas freelancers que queriam obter algum trabalho dele. Como não conseguiram suborná-lo, os israelenses iniciaram a espalhar boatos de que planejava abandonar Gaza.
“Durante toda a guerra, não houve um único meio de comunicação israelense que não publicasse reportagens sobre mim ou incitasse contra mim. Isso me causou muito sofrimento e impactou meu trabalho. Eles me deixaram sem um lugar para trabalhar”, apontou.
Colaborador do Middle East Eye, Ahmed Aziz, reconheceu que a influência de Hassan sobre ele era incomensurável. “Ele sempre foi um daqueles que tomava a iniciativa de ajudar os colegas, fornecendo materiais, recomendando nomes e sugerindo lugares onde poderíamos ir para filmar”, declarou Aziz, frisando que “Não importa o quanto eu diga, nunca será o suficiente para honrá-lo”.
O Ministério da Saúde palestino condenou o “crime hediondo”: “Os repetidos ataques a hospitais, incluindo a perseguição e a morte de feridos dentro de salas de tratamento, são uma indicação clara da intenção deliberada da ocupação de infligir o máximo de dano ao sistema de saúde, mesmo em leitos de hospital”.
O exército israelense confirmou o bombardeio, alegando o de sempre: “o ataque foi direcionado a terroristas importantes” e teve como alvo um “centro de comando e controle” do Hamas. No entanto, a declaração não mencionou Islayeh, nem forneceu qualquer evidência para apoiar a suposta atividade do movimento palestino de resistência islâmica no local.