
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, enviou ofício ao diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos, na quarta-feira (14), pedindo o testemunho do general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, e o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica, como testemunhas no inquérito que investiga a tentativa de golpe chefiado por Jair Bolsonaro e seus cúmplices.
Ambos rejeitaram apoiar ao golpe proposto por Bolsonaro e o comandante do Exército chegou, segundo o Polícia Federal, a ameaçar o então presidente de prisão se ele insistisse no plano golpista. Baptista Júnior, segundo as investigações, teria dito que Bolsonaro apresentou a ele e aos comandantes das Forças soluções para reverter a vitória de Lula depois das eleições. Os dois vão testemunhar na próxima semana, por videoconferência. O depoimento de Freire Gomes está marcado para acontecer na segunda-feira (19), às 15h, e o de Baptista Júnior, na quarta-feira (21), às 11h30.
Antes de chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF), o inquérito da tentativa de golpe passou pela fase de investigações, conduzidas pela Polícia Federal, e pela denúncia feita pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra 34 pessoas. Até o momento, o Supremo aceitou as denúncias contra 21 pessoas, entre eles Jair Bolsonaro, que vão responder a uma ação penal.
Nos últimos foram descobertas várias mensagens de um oficial da Polícia Federal que comprovaram que o plano golpista de Bolsonaro previa o assassinato de autoridades. “Íamos matar meio mundo de gente”, disse Wladimir Soares, o integrante da Polícia Federal que fazia parte da equipe de segurança do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Em relatório, a PF contou que o agente “admitiu, em mensagem de áudio, que integrava uma equipe de operações especiais, que estava pronta para defender o então presidente Jair Bolsonaro, com um poder de fogo elevado para, em suas próprias palavras, ‘empurrar quem viesse à frente’”.
Em seu depoimento à Polícia Federal, o ex-comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Carlos Baptista Junior, relatou que, a partir de novembro de 2022, participou de diversas reuniões com o então presidente da República e integrantes da cúpula das Forças Armadas. E, de acordo com o depoimento, nesses encontros, Bolsonaro apresentou documentos com teor golpista aos militares.
Ele afirmou que em uma das reuniões dos comandantes com o então presidente após o segundo turno das eleições, depois de Jair Bolsonaro, aventar a hipótese de atentar contra o regime democrático, por meio de institutos previstos na Constituição (GLO [Garantia da Lei e da Ordem], ou estado de defesa, ou estado de sítio), o então comandante do Exército, general Freire Gomes, afirmou que caso tentasse tal ato teria que prender o presidente da República”, diz o documento.
Já o ex-comandante do Exército general Freire Gomes disse à Polícia Federal, durante seu depoimento, que a minuta golpista encontrada na casa do ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, é a mesma versão que foi apresentada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aos chefes das Forças Armadas em reunião em dezembro de 2022. Ele confirmou que o conteúdo da minuta de decreto apresentada foi exposto ao declarante nas referidas reuniões.
O general afirmou, ainda, que o documento foi apresentado por Bolsonaro em uma segunda reunião entre os chefes militares e o então presidente da República. Ressaltou, também, que deixou evidenciado a Bolsonaro e ao ministro da Defesa [general Paulo Sérgio Nogueira] que o Exército não aceitaria qualquer ato de ruptura institucional”, disse o general, segundo o termo de depoimento.