
Nada mais natural: o bolsonarista torrou o patrimônio público, beneficiou os gringos e se locupletou escondendo milhões nas Ilhas Virgens. Não podia ser mais venerado pelos ladrões
A coluna de Lauro Jardim, de “O Globo”, desta quinta-feira (15), dá conta de que o ex-ministro da Economia de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, foi aplaudido de pé e ovacionado por “empresários”, especuladores e magnatas num evento em Nova Iorque.
O fato é emblemático de quem foi Guedes e para quem ele trabalhou e se empenhou durante sua passagem pelo governo. Como todo bolsonarista, ele foi um grande vendilhão e um serviçal aberto dos Estados Unidos. Nada mais natural, portanto, que seja aplaudido de pé por quem tanto dinheiro e ativos amealhou na farra entreguista patrocinada por ele.
O aplauso foi uma manifestação de gratidão. Afinal, ele escancarou o pré-sal, esquartejou a Petrobrás e vendeu a estatal aos pedações. Vendeu gasodutos, refinarias, a BR Distribuidora e muito outros ativos da empresa. Mas, ele não ficou só nisso, quis praticamente doar a Embraer para a Boeing americana e vendeu a preço de banana a Eletrobrás, a maior empresa de energia da América Latina. Até a Amazônia ele quis colocar nas mãos do bilionário Elon Musk.
É óbvio que o bolsonarista – como faz toda essa gente – não beneficiou somente os gringos. Ele também se locupletou. Guedes não saiu do governo de mãos abanando quando Bolsonaro foi enxotado pelos eleitores. Ele enriqueceu os grandes operadores americanos, mas foi também um dos que embolsou muita grana nas artimanhas e negociatas feitas nas sombras do poder.
Enquanto prejudicava os trabalhadores com congelamento de salários, ou perseguia quem fazia investimentos na produção do país, com juros de escorcha e cortes de investimentos, Guedes mantinha quantias milionárias escondidas em paraísos fiscais. Chegou ao cinismo de tomar medidas de isenção fiscal para beneficiar a si próprio e os seus “investimentos” ocultos no exterior.
Só para se ter uma ideia de como agia o bolsonarista que “comandava” a Economia do país, vamos lembrar a audiência na Câmara em novembro de 2021. Nesta oportunidade ele foi cobrado sobre o dinheiro escondido nas Ilhas Virgens. Como podia um ministro da Economia falar em equilíbrio fiscal e investir seu próprio dinheiro num paraíso fiscal, para fugir do fisco. Era claramente um caso de polícia.
Guedes não negou que tivesse dinheiro escondido fora do país. Agindo como um gângster, ele não quis abrir todo o jogo. Disse que era sigiloso. “Não posso chegar aqui e falar: ‘Brasil, olha tudo que eu tenho. Não pode ser assim”, respondeu aos deputados, em audiência de duas comissões da Câmara. “Posso ser assaltado”, alegou cinicamente o meliante. O ministro foi ouvido pelas comissões de Trabalho; e de Fiscalização Financeira e Controle da Casa. Ele se recuou e revelar o montante e os lucros obtidos com o dinheiro escondido.
O sujeito tinha sido flagrado com uma montanha de dólares escondidos. O caso foi revelado pelos investigadores do Pandora Papers, ICIJ (Investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos). Eles descobriram sua empresa de fachada, a Dreadnoughts, nas Ilhas Virgens Britânicas, com depósitos de, no mínimo, US$ 10 milhões.
É claro que os aplausos e a ovação que Paulo Guedes recebeu dos magnatas nos salões de Nova Iorque foram pelas benesses que ele entregou para a rapaziada que, junto com ele, assaltou o Brasil. Mas, não foi só isso. Guedes é também um exemplo do “patriotismo” bolsonarista para esses pilantras. Os “patriotas” bolsonaristas são embalados e aplaudidos por todo e qualquer aventureiro e explorador que pretenda sangrar e roubar o Brasil.
Guedes é também um exemplo para eles de mau-caratismo disfarçado. Um vendilhão e um traíra de seu país disfarçado de “técnico competente”. Pura balela. É apenas um serviçal. É o tipo de gente que os açambarcadores estrangeiros adoram e veneram. Cínicos e invertebrados. Se o aprendiz de “chicago boy”, mesmo sendo ministro da Economia, assaltava o país daquela forma e escondia o dinheiro nas Ilhas Virgens, estavam abertas as portas para o roubo mais desbragado dos gringos – que houve – sobre o patrimônio nacional.
A essência do bolsonarismo é essa. É entreguismo, corrupção e demagogia. Bolsonaro bajulava os gringos e Paulo Guedes era encarregado de atendê-los nos balcões escuros onde o país era vendido na bacia das almas. Guedes e Bolsonaro são corruptos e traidores da Pátria. É esse tipo de gente que é aplaudido por assaltantes do Brasil.
Os dois, Guedes e Bolsonaro, são vassalos desqualificados que pretendiam destruir o Estado Nacional, acabar com os serviços públicos e vender o país a troco de encher os próprios bolsos com propinas. Quando Bolsonaro fazia continência para a bandeira americana, estava dada a senha para Guedes e sua quadrilha torrarem o patrimônio público.
Os bolsonaristas são tão invertebrados que não se contentam só com aplausos. Eles querem prestar mais serviços. Basta ver um dos filhos de Bolsonaro. Ele chegou ao cúmulo de ir morar nos Estados Unidos para poder bajular mais de perto o guru do bolsonarismo, Donald Trump. Largou o mandato de deputado para morar nos EUA, puxar o saco da Casa Branca e conspirar abertamente contra o Brasil.
Nunca se viu um caso tão escandaloso de traição nacional como o que se assiste atualmente na atuação de Eduardo Bolsonaro nos EUA. O filho de Bolsonaro está insuflando o governo do EUA a sancionar o Brasil, a interferir nos assuntos internos do país e da Justiça Brasileira. “Bananinha”, como é conhecido, está clamando por uma invasão americana no Brasil. É tudo isso, e mais a tentativa de golpe de 2022/23, que está sendo avaliado pela Justiça brasileira. O país deve condenar exemplarmente os golpistas e derrotar politicamente o entreguismo sem vergonha do bolsonarismo.
SÉRGIO CRUZ