
Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, numero 1 do PCC, foi preso em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, numa operação conjunta da PF e da polícia boliviana
A Polícia Federal (PF) anunciou neste sábado (17) que prendeu Marcos Roberto de Almeida, conhecido como Tuta, o novo número 1 da facção criminosa Primeiro Comando da Capital, o PCC. Ele estava foragido na cidade de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, com documentos falsos e foi detido pela polícia boliviana quando tentava renovar sua documentação. A ação conjunta da PF e da FELCC (Fuerza Especial de Lucha Contra el Crimen), da Bolívia, executou a prisão.
Ele é considerado o sucessor de Marcola, o chefe máximo da facção, que já está preso desde 2019 no sistema penitenciário federal e cumpre penas de mais de 300 anos. Marcos Roberto de Almeida já foi condenado em primeira instância por organização criminosa, com pena de 12 anos e seis meses de prisão. Responde ainda a outro processo por organização criminosa e lavagem de dinheiro. Sua prisão é considerada um duro golpe no crime organizado.
De acordo com o chefe da Polícia Federal, delegado Andrei Rodrigues, o líder do PCC “tentava renovar o registro de estrangeiro na Bolívia, com documento brasileiro falso”. “O escritório da Interpol em Brasília foi acionado, dentro da diretoria de cooperação internacional da Polícia Federal. Acionada para checar as bases de dados e informar com precisão à Policia Boliviana”, informou o diretor.
O criminoso estava usando nome falso de Maycon Gonçalves da Silva, nascido em 25 de março de 1971. Ele estava num centro comercial da cidade, para tentar renovar a Cédula de Identidade de Estrangeiro (CEI), documento necessário para não bolivianos que residem no país. Ao consultar o sistema internacional de estrangeiros, surgiu um alerta indicando que se tratava de um procurado pela Interpol. A PF, então, foi acionada.
O delegado Andrei Rodrigues explicou que o próximo passo das investigações será aguardar as autoridades bolivianas para a extradição. Ele disse que já informou ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e ao presidente Lula sobre a captura do chefe do PCC. “A expectativa é de que ocorra a expulsão imediata ou um processo regular de extradição, mas isso é dentro da soberania e do processo do outro país”, destacou.
O promotor Lincoln Gakiya, que investiga o PCC há décadas em São Paulo, afirmou que o “Marcos Roberto, vulgo Tuta, já era da sintonia de 1, mas não era o número 1 do PCC. Com a remoção do Marcola, ele foi elencado, nominado pelo Marcola para ser o novo n° 1 do PCC, tanto dentro como fora dos presídios. É um velho conhecido nosso. Só que, em liberdade, ele atingiu o status, seria o novo Marcola na nossa concepção”.
Lincoln Gakiya afirma que outros chefes do PCC devem estar escondidos na Bolívia. Segundo Gakiya, o PCC escolheu a Bolívia pela facilidade de subornar autoridades e viver com documentos falsos. “Ele [o Tuta] ir voluntariamente procurar as autoridades da Bolívia para renovar documentos revela que ele tinha uma grande tranquilidade para ir e vir, sem ser incomodado”, diz o promotor.
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) chegou a anunciar que Tuta tinha sido morto pelo tribunal do crime da facção após ordenar a morte de um membro sem autorização da cúpula. No entanto, o corpo nunca foi encontrado e a morte do criminoso foi considerada um despiste plantado pelo PCC para confundir as investigações sobre seu paradeiro.