
Os bombardeios israelenses em Gaza mataram mais de 500 pessoas desde o último domingo (11), entre eles mulheres e crianças, inclusive 130 mortos neste domingo (18), segundo o Ministério da Saúde palestino.“
Após o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometer “força total e ir até o fim” e seu chefe do Estado-Maior, tenente-general Eyal Zamir, comemorar a carnificina de homens, mulheres e crianças com o “bombardeio de 670 alvos do Hamas”, as forças de ocupação anunciaram oficialmente neste domingo (18) ter iniciado “amplamente” as operações para “dividir a Faixa de Gaza”.
Os bombardeios israelenses em Gaza mataram mais de 500 pessoas desde o último domingo (11), entre eles mulheres e crianças, inclusive mais de 130 mortos neste domingo (18), segundo o Ministério da Saúde palestino.
De acordo com o comando israelense, as barbaridades praticadas na semana passada contra a população civil tiveram o propósito de “interromper os preparativos do inimigo e auxiliar a operação terrestre”.
A nova incursão terrestre de Israel em Gaza iniciou no mesmo dia em que o papa Leão XIV fez um pronunciamento em defesa da ajuda humanitária e pelo fim da agressão. “Na alegria da fé e da comunhão, não podemos esquecer nossos irmãos e irmãs que sofrem com as guerras. Em Gaza, crianças, famílias, idosos sobreviventes estão passando fome”, recordou o pontífice.
Sem dar ouvidos à conclamação do papa e mentindo descaradamente, como já comprovado mais de uma vez por organizações internacionais – como a própria ONU – e pela imprensa independente, o exército israelense qualificou como “alvos” as residências das famílias que foram mandadas pelos ares.
Os “objetivos” atingidos, segundo Israel, eram depósitos de armas, células de agentes terroristas, túneis e locais de lançamento antitanque. Tudo, conforme os agressores, culpa do grupo de resistência palestina Hamas, por seu grande apoio entre a população civil.
Com o território palestino completamente cercado sem alimentos, medicamentos e combustíveis, e a morte se espraiando por inanição, a “Operação Carruagens de Gideão” explicita o terrorismo de Estado contra homens, mulheres e crianças que resistem à criminosa ocupação israelense.
Ampliando o banho de sangue, os militares israelenses informaram ter começado operações terrestres “amplamente” em diversas áreas da Faixa de Gaza, como início da ofensiva final, já que detém 50% do território. O conjunto dele – mais de 70%, como comprovado – virou ruínas, como residências, escolas e hospitais.
Autoridades palestinas relataram que somente nas últimas 24 horas os ataques israelenses já assassinaram 107 habitantes – além de um número imensurável de feridos.
Cinco jornalistas que testemunhavam a covardia dos ataques, em particular contra crianças, muitas delas mutiladas, foram trucidados. Entre eles estavam Nour Qandil e seu marido, também jornalista, Khaled Abu Seif, e sua filha Ayloul, vítima de um ataque que atingiu seu apartamento em Deir al-Balah, no centro de Gaza.
Também foi morto o fotojornalista Aziz al-Hajjar, que perdeu a vida junto com sua esposa e filhos depois de ter a casa bombardeada no bairro de Bir Al Naja, no norte do enclave.
O jornalista Ahmed Al Zainati, sua esposa Noor Al Madhoun e seus dois filhos, Mohammed e Khaled, também foram mortos depois que sua barraca no campo de Sanabel, perto do hospital de campanha do Kuwait, a oeste de Khan Yunis (sul de Gaza), foi atacada.
Em Al Qarara, a leste de Khan Yunis, foi encontrado o corpo do jornalista Abdul Rahman Tawfiq Al Abadleh, desaparecido há dois dias e morto em um ataque na área.
“ASSASSINATO DE JORNALISTAS É CRIME DE GUERRA PARA APAGAR A VERDADE”
O Sindicato dos Jornalistas da Palestina divulgou um comunicado denunciando a dimensão das atrocidades. “O número de jornalistas mortos na Faixa de Gaza desde o início da agressão ultrapassou todos os números conhecidos nos tempos modernos, um evento sem precedentes na história contemporânea, tanto em termos do número de mártires quanto da brutalidade dos ataques diretos às suas famílias e lares”, apontou a entidade. De acordo com a instituição, “nenhuma guerra nas últimas décadas testemunhou um derramamento de sangue tão extenso entre os operadores de câmeras e microfones, refletindo a clara intenção da ocupação de apagar a verdade”.
“Este ataque sistemático contra jornalistas constitui um crime de guerra completo que exige processo e julgamento imediatos perante um tribunal internacional. Os assassinos não devem ficar impunes, e o sangue inocente de jornalistas não deve ser meramente contabilizado em relatórios implacáveis da ONU”, acrescentou o Sindicato.
Cinicamente, o tenente-general Eyal Zamir, disse que junto com os macabros bombardeios, ao mesmo tempo que descumpriam qualquer regra no território transformado em campo de batalha, os militares atuaram com “flexibilidade” para não prejudicar as negociações para um acordo de reféns que estaria em andamento no Catar.