
Diplomatas foram alvo de ataques das forças do exército israelense em visita oficial à Cisjordânia. A delegação com diplomatas europeus e de países árabes foi alvejada, nesta quarta-feira, quando estava visitando o acampamento de refugiados na cidade de Jenin.
O vídeo do incidente postado nas redes sociais mostra soldados israelenses disparando contra a delegação que se afasta de um portão que estava bloqueando a estrada. “Fiquem perto da parede, fiquem perto da parede!”, alguém na delegação diz pro resto do grupo.
A delegação com mais de 25 diplomatas de vários países, entre eles o Reino Unido, França, Itália, Canadá, estava visitando Jenin, na Cisjordânia que tem sido alvo de ataque israelense e demolição de residências – para uma avaliação da situação humanitária após a escalada assassina de Israel que começou quatro meses atrás e deixou um rastro de mortes e mais de 40.000 palestinos desabrigados.
O exército israelense usou a desculpa esfarrapada de que os tiros foram dados como aviso, para que a delegação se afaste de uma área restrita. A delegação estava em uma missão diplomática de paz e não representava nenhuma ameaça aos soldados.
“Estávamos fazendo uma visita com o governador de Jenin à fronteira do campo para ver a destruição”, disse um diplomata europeu.
“Era a última parte da visita e de repente ouvimos tiros, vindos do acampamento de refugiados localizado em Jenin. Não foi como uma ou duas vezes. Eram como tiros repetidos. Então, naquele momento, todos nós começamos a correr de volta para os carros’, acrescentou.
O Ministério das Relações Exteriores da Autoridade Palestina, disse que o incidente foi um “ato deliberado e ilegal”.
“O Ministério considera o governo de ocupação israelense total e diretamente responsável por este ataque criminoso e afirma que tais atos não passarão sem responsabilização”.
O governo da Itália exigiu uma explicação e disse que o embaixador de Israel será convocado ao Ministério das Relações Exteriores e Cooperação Internacional da Itália para prestar esclarecimentos sobre o ataque. O vice-cônsul italiano estava entre os alvejados na delegação.
“Este ataque, que colocou em risco a vida de diplomatas, é mais uma demonstração do desrespeito sistemático de Israel pelo direito internacional e pelos direitos humanos,” comunicou o Ministério das Relações Exteriores da Turquia. O governo turco condenou o ataque “nos termos mais fortes” e pediu por investigações imediatas para apontar os responsáveis.
“Estou chocado e horrorizado com relatos de que os militares israelenses dispararam tiros nas proximidades de uma visita a Jenin hoje por um grupo de diplomatas, incluindo dois diplomatas irlandeses baseados em Ramallah. Felizmente, ninguém ficou ferido. Isso é completamente inaceitável e eu o condeno nos termos mais fortes,” disse o ministro das Relações Exteriores da Irlanda, Simon Harris.
“Pedimos à comunidade internacional que assuma suas responsabilidades legais e morais e obrigue Israel a parar sua agressão a Gaza e sua escalada na Cisjordânia,” comunicou o Ministério das Relações Exteriores e Expatriados da Jordânia.
O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot, falou que vai chamar o embaixador israelense para se explicar e chamou o incidente de “inaceitável”.
O Ministério das Relações Exteriores da Espanha exigiu investigação imediata e transparente.
Kaja Kallas, chefe de política externa da União Europeia, disse que “qualquer ameaça à vida de diplomatas é inaceitável.”