
Diretor das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Tom Fletcher, disse que os milhares de recém-nascidos correm risco de vida se o socorro humanitário não chegar com urgência. Nenhum alimento, combustível ou remédio está autorizado a entrar ou ser distribuído na Faixa desde 2 de março
A vida de 14 mil bebês na Faixa de Gaza corre risco iminente nas próximas 48 horas se a ajuda humanitária não chegar com urgência, alertou nesta terça-feira (20/5) o diretor do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), Tom Fletcher.
“Os primeiros cinco caminhões com alimentos vitais para bebês estão em Gaza. Precisamos distribuí-los com urgência, e precisamos de muito, muito mais para atravessar a fronteira”, escreveu o representante da ONU.
Mas Fletcher assinalou que os cinco caminhões de ajuda que chegaram a Gaza na segunda-feira (19) são apenas uma “gota no oceano” comparado com o que é necessário. “É preciso inundar a Faixa de Gaza com ajuda humanitária”, afirmou.
No bloqueio à Gaza promovido por Netanyahu nenhum alimento, combustível ou remédio estava sendo autorizado a entrar na Faixa de Gaza desde 2 de março — uma situação que a ONU já descreveu como um “preço desastroso” a ser pago pela população palestina.
Desde a semana passada, Israel recrudesceu ataques aéreos contra infraestrutura, prédios residenciais, hospitais e escolas, junto com uma ofensiva terrestre no norte e no sul da Faixa, mobilizando milhares de tropas e buscando capturar permanentemente o território palestino, como o governo fascsta reconheceu no início deste mês.
SÃO NECESSÁRIOS 500 CAMINHÕES DE SUPRIMENTOS POR DIA
Segundo a ONU, a população de cerca de 2,3 milhões de palestinos no território precisa de pelo menos 500 caminhões de suprimentos por dia, entre ajuda humanitária e outros bens.
Fletcher disse que, embora um número que equivale a “gota no oceano” de caminhões com ajuda humanitária tenha cruzado para Gaza, seu conteúdo ainda não chegou às comunidades necessitadas. O representante da ONU espera conseguir que 100 caminhões atravessem a fronteira para Gaza nesta quarta-feira. “Será difícil”, diz ele, observando que eles são “impedidos” em todos os pontos.
Em entrevista ao programa Today da BBC nesta terça-feira, a apresentadora Anna Foster perguntou ao chefe de ajuda humanitária da ONU como a organização calculou esse número de 14 mil bebês sob risco em 48 horas.
“Temos equipes no local — e, claro, muitos deles foram mortos”, respondeu Fletcher. “Ainda temos muitas pessoas no local — elas estão nos centros médicos, nas escolas… tentando avaliar as necessidades”.
“MATAM BEBÊS POR PASSATEMPO”, DENUNCIA GENERAL ISRAELENSE
Imagens de crianças desnutridas à beira da morte e depoimentos de moradores de Gaza desesperados que deixam a Faixa não só provocaram uma resposta diplomática internacional, mas um número crescente de israelenses se opõe à carnificina de Netanyahu.
“Meus impostos estão sendo gastos em uma guerra que matou milhares de crianças. Estamos cometendo genocídio. E não posso falar sobre isso em Israel”, denunciou Yael Noy, diretora da organização israelense Road to Recovery (Caminho à Recuperação), que organiza transporte de palestinos doentes para consultas hospitalares em Israel, à correspondente diplomática da BBC, Caroline Hawley.
“Um país sensato não faz guerra contra civis, não mata bebês por diversão e não pretende expulsar uma população”, criticou Yair Golan, um oficial militar aposentado, parlamentar e líder do partido Democratas.