
Medida visa estimular mercado interno com crédito preferencial para empresas e famílias. No primeiro trimestre, economia chinesa cresceu 5,4% enquanto o PIB dos Estados Unidos caiu 0,3%
O Banco Central da China cortou duas taxas de juros fundamentais para impulsionar sua economia e garantir o crescimento de 5% do seu Produto Interno Bruto (PIB), projetado pelas autoridades para este ano.
A medida tomada nesta terça-feira (20) reduz duas taxas de juros básicos aos seus menores patamares da história, fortalecendo o mercado interno e estimulando a geração de empregos.
Com este foco, o Banco Popular da China (BPC) anunciou a redução da taxa de empréstimo preferencial de um ano de 3,1% para 3%, referencial estabelecido para juros vantajosos oferecidos pelos credores para empresas e famílias, além da queda da taxa de juros preferencial de cinco anos, referencial para hipotecas, de 3,6% para 3,5%.
Observe-se que, com uma inflação de 2% esperada, a taxa de juro real não chega a 1%.
Em pleno crescimento, a China já havia reduzido estas taxas em 0,25% em outubro de 2024. A redução anterior havia ocorrido em julho do mesmo ano.
Na oportunidade, o Banco Central chinês comunicou que a medida visava impulsionar a economia do país, que, em setembro daquele ano, tinha registrado desempenho oscilante em alguns setores como o crescimento na produção industrial e nas vendas no varejo, enquanto o investimento imobiliário havia decrescido.
No primeiro trimestre de 2025 a economia da China cresceu 5,4% em comparação com o mesmo período do ano anterior, atingindo 31,87 trilhões de yuans (cerca de R$ 25,6 trilhões), apontou o Departamento Nacional de Estatísticas. Ao mesmo tempo, o PIB dos Estados Unidos recuou 0,3% no primeiro trimestre de 2025, segundo cálculo inicial divulgado pelo Departamento de Comércio do país.
A redução na taxa de juro básica complementa outras, tomadas recentemente, para manter o crescimento econômico e promover o consumo, no quadro de guerra comercial e tecnológica desencadeada pelo governo Trump e suas consequências sobre a “fábrica do mundo” e as cadeias globais de suprimento.
Há uma semana, Washington recuou parcialmente de sua guerra comercial, reduzindo de 145% para 30% sua tarifa geral sobre as exportações chinesas, enquanto a China baixou de 125% para 10% sua contratarifa, após negociações em Genebra, o que está em vigor por 90 dias.
Na semana passada, o BPC havia injetado no sistema financeiro chinês cerca de um trilhão de yuans (R$ 803,3 bilhões) por meio da redução em 0,5 ponto porcentual do compulsório bancário (RRR). Com isso, a RRR para empresas de financiamento de automóveis e de leasing financeiro, que fornecem diretamente apoio financeiro para o consumo de automóveis e atualização de equipamentos, cairá para 0%.
Outra política em vigor é a iniciativa de troca de bens de consumo, o que gerou um aumento de 5,1% no varejo em abril, em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo 3,717 trilhões de yuans (R$ 2,97 trilhões), segundo dados do Departamento Nacional de Estatísticas da China divulgados na segunda-feira (19).
“O lançamento de um plano de ação para promover a renovação de equipamentos em larga escala e a troca de bens de consumo impulsionou as vendas e o consumo de serviços, o que apoiou fortemente a economia”, disse o porta-voz Fu Linghui.
A política de troca de bens de consumo produziu resultados, com as vendas no varejo de eletrodomésticos e equipamentos audiovisuais subindo 38,8% em abril, material cultural e de escritório crescendo 33,5%, as vendas de móveis subindo 26,9% e dispositivos de telecomunicações 19,9%.
Já as exportações chinesas tiveram uma alta de 8,1% em abril em comparação ao mesmo período do ano passado, mesmo com as exportações da China aos Estados Unidos tendo caído 17% em igual período. As importações totais caíram 0,2% comparadas ao ano passado.
No ano passado, o PIB da China cresceu 5%, quase o dobro do que os EUA cresceram (2,8%), e bem mais do que o G7 (1,7%), a União Europeia (0,9%), a Alemanha (-0,2%), o Japão (0,1%), o Reino Unido (1,1%) e a França (1,1%).