
A ministra das Relações Institucionais do governo Lula, Gleisi Hoffmann, afirmou que é “vergonhosa” a movimentação de Jair Bolsonaro e seus aliados nos Estados Unidos para aplicar sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Para ela, essa conspiração “evidencia o desespero” de Jair Bolsonaro com seu julgamento no STF por golpe de Estado.
Na quarta-feira (21), o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, disse que sanções contra Alexandre de Moraes estão “sob análise” e “há grande possibilidade de que isso aconteça”.
O filho de Jair, Eduardo Bolsonaro, abandonou sua cadeira na Câmara dos Deputados para atuar nos Estados Unidos em favor das sanções contra Moraes e o Brasil.
Gleisi Hoffmann, em suas redes sociais, declarou que “é vergonhosa a conspiração de Bolsonaro com a extrema-direita dos EUA em busca de intervenção estrangeira no Judiciário do Brasil”.
“A recente ameaça do secretário de Estado dos EUA ao ministro Alexandre de Moraes merece repúdio e evidencia o desespero do réu com o avanço do julgamento dos golpistas. Promover a justiça e defender a democracia, no estado de direito, são prerrogativas de um país soberano”, completou.
As sanções, caso ocorram pela Lei Magnitsky, são de ordem econômica, tal como bloqueio de contas e bens nos EUA. Mas os bolsonaristas querem também que Moraes seja impedido de entrar no país do qual são serviçais.
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), publicou uma nota repudiando “qualquer tentativa de interferência externa em assuntos internos” do Brasil, “especialmente quando se trata de decisões judiciais que visam proteger o Estado Democrático de Direito”.
“Como bem destacou o ministro [Moraes], o Brasil deixou de ser colônia em 1822. Não admitiremos qualquer forma de submissão ou ingerência estrangeira em nosso ordenamento jurídico. Nosso compromisso é com um país justo, democrático e soberano, onde o povo decida seu destino sem interferências externas”, escreveu.
O jornalista Jamil Chade, do UOL, apurou que o governo federal vai tratar as eventuais sanções contra Alexandre de Moraes como “ingerência externa” contra o Brasil, e não como um ato individual contra o ministro.
Apesar de não responder enquanto nenhuma sanção for formalizada e aplicada, o governo Lula vai utilizar os canais diplomáticos para cobrar respostas dos Estados Unidos caso aplique as sanções.