
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou que o banco de fomento já aprovou mais de R$ 205 bilhões de crédito na Nova Indústria Brasil, o que é aproximadamente 80% da meta definida para o programa até o fim de 2026, mas alerta que a elevada taxa básica de juros (Selic) do Banco Central, hoje em 14,75% ao ano, segue impactando negativamente a demanda por investimento no Brasil.
“Ao contrário do que é propagado por alguns stalkers [perseguidores], cerca de 68% do nosso desembolso, em 2024, foi realizado com taxas de mercado”, disse Mercadante em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. “Além disso, o BNDES respondeu por apenas 1,4% do total de novas concessões de crédito do Sistema Financeiro Nacional. Portanto, não há que se falar que o BNDES afeta a potência da política monetária”, afirma e prossegue.
“A TLP [taxa de mercado] está em um valor muito elevado. Há um cenário bastante desafiador para a dinâmica da atividade econômica e para o financiamento do investimento industrial. É evidente que o movimento atual dos juros tem influência sobre a demanda de recursos. Mas, mesmo neste cenário, o resultado do BNDES tem sido fundamental para nossa reindustrialização”, completou o presidente do BNDES.
Conforme Mercadante, no primeiro trimestre de 2024, o BNDES aprovou 35% mais crédito do que no mesmo período do ano anterior, ampliando o apoio a projetos empresariais brasileiros. O banco tem combinado taxas de mercado com recursos do Fundo Clima e da Taxa Referencial (TR) para fomentar inovação.
Por conta do programa de financiamento à indústria, o setor já conseguiu empatar com o agronegócio em termos de pedidos de financiamento e de aprovações. Mercadante explica que “esse avanço só foi possível porque implementamos novos instrumentos, como o financiamento para inovação via TR [Taxa Referencial], com aprovação pelo Congresso, para quem precisa correr o risco e avançar em tecnologia, e o Novo Fundo Clima, com recursos para a descarbonização”, explica Mercadante.
“Também ampliamos mercados para a exportação, aumentamos a produtividade investindo em máquinas e equipamentos e expandimos o crédito para o agronegócio, a infraestrutura, micro, pequenas e médias empresas, cooperativas e o setor de comércio e serviços”, completa.
O presidente do BNDES também cita que dos 2,3 milhões de empregos criados pela atuação do BNDES, no ano de 2023, 35% foram na indústria. “Além disso, o Brasil subiu para a 25ª posição do ranking da indústria da transformação no mundo em 2024. No ano anterior, estávamos no 45º lugar”, comenta o chefe do BNDES.
Com o incentivo da NIB, Mercadante também afirma que diversos ramos da indústria nacional estão se modernizando. Entre os setores que mais se destacam estão o aeroespacial, a tecnologia, a saúde e a biotecnologia.
Um dos casos mais emblemáticos é o da Embraer , que já recebeu mais de R$ 700 milhões em recursos para construir uma fábrica em Taubaté (SP) e desenvolver seu projeto de carro voador. A iniciativa promete não apenas posicionar o Brasil na vanguarda de uma nova fronteira tecnológica, mas também gerar empregos e abrir caminho para exportações globais.
O Instituto Butantan, por exemplo, tem usado essa iniciativa de financiamento público para criar bancos de vírus e células destinados à produção de produtos biológicos essenciais.
“A NIB apoia vários setores da indústria brasileira, como o da saúde, que bateu recorde no financiamento para novos medicamentos, vacinas e insumos farmacêuticos. Nos últimos dois anos, foram R$ 6,9 bilhões, valor superior aos seis anos anteriores ao governo Lula, para o desenvolvimento de 556 medicamentos ou vacinas e nove dispositivos médicos”, ressaltou Mercadante.
Além do estímulo à inovação, Aloizio Mercadante destaca que a NIB tem contribuído para elevar o valor agregado das exportações brasileiras. Empresas que aderiram ao programa passaram a incluir produtos mais tecnológicos tanto nas vendas internacionais quanto no mercado doméstico.
“O BNDES também ampliou as aprovações de crédito para exportações de empresas brasileiras”, diz Mercadante. “De janeiro de 2023 e abril deste ano, foram R$ 37 bilhões, valor superior à soma dos sete anos das gestões anteriores. Juntos, BNDES, Finep e Embrapii, em dois anos, já apoiaram mais de R$ 47 bilhões de reais em inovação para o setor empresarial, mais que os seis anos anteriores ao governo atual”.