
Direto de Caracas, editor da TV Multipolar, de Portugal, Francisco Balsinha, relata ao HP o sentimento predominante entre as delegações de 53 países, presentes nas centenas de observadores internacionais
O povo venezuelano volta às urnas neste domingo (25) para eleger deputados, legisladores e governadores, naquela que será a 34ª eleição da pátria de Simón Bolívar nos últimos 26 anos. Para a certificação internacional do resultado, foram convocados centenas de observadores de 53 países, entre eles Francisco Balsinha, editor da TV Multipolar, de Portugal.
Francisco Balsinha falou conosco direto de Caracas e relatou o clima de tranquilidade nas eleições e que “até aqui não houve nenhum incidente por todo o país, são 54 partidos na disputa e as pesquisas dão o PSUV como o mais votado”.
“Andei por parques de Caracas e vi familiares fazendo piqueniques e muitos andando, correndo ou se exercitando, em um clima de tranquilidade e mesmo de alegria no aproveitamento do feriado”, acrescenta Balsinha.
Dando voz a alguns desses observadores internacionais, Balsinha ouviu lideranças, nos permitindo registrarmos a opinião diante da relevância do momento e do cerco desinformativo e hostil realizado pelos monopólios de comunicação contra o processo venezuelano.
Representante do Movimento Democrático de Mulheres (MDM) de Portugal, Regina Marques destacou “o orgulho de ver que a Venezuela, com o seu caráter democrático e revolucionário, tem um processo eleitoral extremamente participativo”. Lembrando que esteve outras vezes no país, Regina citou o “tempo do saudoso presidente Hugo Chavez, que participou no nosso congresso da Federação Democrática Internacional de Mulheres (Fdim), proporcionando momentos inesquecíveis”. Ela também recordou inúmeras experiências como as do Estado Falcon, “que congrega uma zona industrial intensa” e onde pôde observar “a conjugação da atividade de operários, industriais e pescadores no seu cotidiano”.
“POVO É MUITO PARTICIPATIVO EFRENTA O IMPERIALISMO DE FORMA CORAJOSA”
Na avaliação de Regina Marques, “a Venezuela tem enfrentado o imperialismo de uma maneira muito corajosa e conseguido vencer em muitos aspectos, além de ser um povo muito unido e participativo em ações de rua, o que é muito perceptível”. Também se faz marcante, assinalou, “a serenidade das forças militares destacadas para a segurança destas manifestações”.
Quanto à projeção do resultado eleitoral de logo mais, a observadora portuguesa espera uma vitória do PSUV e das forças bolivarianas, “uma vez que as pessoas estão em paz e serenas”. “Além da vitória, estimo que não haja algazarras e provocações da oposição fascista, como houve em julho do ano passado”, disse.
Representando o núcleo do Partido dos Trabalhadores (PT) em Portugal, o brasileiro Claiton Belo faz questão de destacar “em primeiro lugar, o quanto o povo venezuelano é acolhedor e afetuoso”. Outro ponto que lhe chamou a atenção foi quanto a capital, Caracas, é uma cidade limpa: “não vi moradores de rua e isto é algo que chama muito a atenção, se comparado com Lisboa ou com Aveiro, cidade onde moro”.
Para Claiton, é inadmissível a continuidade da hostilidade e dos bloqueios impostos pela política do imperialismo em relação a nações que buscam sua soberania. “É uma política muito agressiva, de tentativa de destruição desses países e dá para perceber que as sanções colocam Venezuela, Cuba e outros na América Latina numa situação de dificuldade”, garantiu.
Vindo da Colômbia, David Porras salientou atribuir “grande importância ao trabalho de observador internacional, porque me possibilita ver o exercício de uma democracia mais direta e participativa do que a das democracias liberais”. “A primeira vez que estive aqui foi em 2012 e, desde então, tenho regressado com frequência. Venho por minha conta e com a intenção de apurar a verdade sobre o país, porque muitos meios de comunicação falam mal deste regime. O que pude comprovar é que propagavam algo absolutamente falso”.
Para Mamadu Djabi Djaló, delegado da Guiné-Bissau, a relação com a população proporcionada com o contato direto fundamenta e qualifica um posicionamento mais claro, sem preconceitos ou manipulações, como faz a mídia venal. “Dou muita importância a este trabalho, porque todos ouvimos falar que a Venezuela vive em ditadura, que não há aqui um processo eleitoral transparente. Por isso é muito bom estarmos presentes e podermos constatar com os nossos olhos que a realidade é que o povo venezuelano tem a possibilidade de eleger em plena liberdade os seus representantes”, diagnosticou.
“SISTEMA ELEITORAL EVOLUÍDO E BEM PREPARADO”
Também representante do MDM de Portugal, Raquel Prazeres considera relevante sublinhar que “países como a Venezuela estão sempre no foco de informação distorcida em nível internacional”. Diante disso, esclareceu, “é muito importante estar aqui pessoalmente e poder sentir a energia do país e perceber como os venezuelanos se apresentam às eleições”.
Raquel Prazeres destacou “em primeiro lugar a tranquilidade do povo. Aliás, algo que se faz bem patente nas pessoas que vimos nas ruas”, Isso é potencializado, asseverou, por “votar num sistema eleitoral tão evoluído e bem preparado desde a questão de quem vai para as mesas, como o povo pode votar, o sistema de contagem de votos com várias auditorias e outros aspectos”.
A política estadunidense contra a Venezuela é condenável, diz Raquel, “promovendo ataques que não estão ocultos e que se movem a favor das grandes transnacionais, dos grandes grupos económicos e financeiros, e a favor de interesses geopolíticos sendo a Venezuela dona de grandes reservas de petróleo, ações que são muito diretas e nada discretas”.
Sobre o que esperar das eleições deste domingo, Raquel Prazeres aguarda “tranquilidade”, “que não haja nenhuma interferência externa ou interna financiada pelo estrangeiro, porque os venezuelanos é que têm que definir a sua democracia, não precisam de ninguém que venha de fora, até porque eles têm muita consciência política”. Por outro lado, concluiu, “espero que este ato eleitoral seja um verdadeiro hino à democracia”.