
Depois de crescer em 2024, as perspectivas para 2025 não são tão animadoras e apontam para um crescimento bem menor da economia. “Não podemos nos conformar com isso”, alerta Ricardo Alban
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, afirmou, nesta segunda-feira (26), durante evento em comemoração ao Dia da Indústria, que “não existe país forte, não existe economia forte, sem uma indústria forte”. “Toda a atual geopolítica que nós vemos hoje, o que ela está subentendendo, é uma perfeita defesa da indústria de cada nação”, ressaltou.
O Dia da Indústria foi instituído no dia 25 de maio em homenagem “justa e merecida ao nosso saudoso Roberto Simonsen, que tanto incentivou e contribuiu para o nosso setor”, lembrou Alban.
O dirigente da indústria brasileira destacou que “a indústria é o motor da inovação, a fonte de empregos de qualidade e a catalisadora do desenvolvimento socioeconômico”. “São os trabalhadores que fazem a indústria brasileira, são as pessoas que as renovam, encontram soluções, constroem cada vez mais uma indústria sustentável, contínua e crescente, esse é o nosso grande desafio, contínua e crescente. São as pessoas que melhoram a vida de outras pessoas por meio da indústria”, enfatizou. E defendeu “colocarmos em primeiro lugar o desenvolvimento social e econômico do Brasil”.
Ricardo Alban afirmou que o processo de reindustrialização do país deve ser “contínuo e planejado” e alertou que “as perspectivas para 2025 não são tão animadoras”.
“Em 2024, nosso PIB cresceu 3,4%, puxado pelo notável desempenho da indústria, em particular a de transformação que cresceu 3,8%, e a da construção que cresceu 4,3%. Não temos o direito de perder esse ritmo. A sociedade não merece isso”, enfatizou. “Tudo isso foi fruto de investimento em tecnologia, qualificação de mão de obra, sustentabilidade e inovação, geramos emprego e desenvolvimento e contribuimos diretamente para uma sociedade melhor”.
“No entanto”, alertou, “as perspectivas para 2025 não são tão animadoras e as previsões apontam para um crescimento bem menor da economia. Não podemos nos conformar com isso.”
“O processo de reindustrialização deve ser contínuo e planejado com cenário de longo prazo. Entendo que a indústria tem que voltar a ser protagonista para o Brasil, seguir os passos largos rumo ao crescimento econômico e a melhora da qualidade de vida dos brasileiros com geração de empregos e renda”.
TAXA DE JUROS ABUSIVA
O presidente da CNI defendeu que políticas e medidas de equilíbrio das contas públicas sejam adotadas em conjunto com estímulos para os investimentos necessários ao desenvolvimento econômico e social do país.
Ele criticou as altas taxas de juros do país e disse que com nos níveis em que estão, não há como conter o déficit nominal. “Temos que abordar com responsabilidade a taxa de juros abusiva, que corrói a economia”, defendeu Alban. “Estamos num caminho que não haverá superávit primário suficiente para resolver o problema do déficit nominal”, acrescentou, destacando que “esse é um projeto de nação, que precisamos encarar”.
Alban citou a guerra tarifária imposta pelos Estados Unidos, “importante parceiro”, e as iniciativas da entidade para manter boas relações comerciais.
Ele defendeu também que o estreitamento da parceria comercial com a China “precisa vir acompanhado de um protagonismo da nossa indústria de transformação, que hoje está em enorme desvantagem na balança comercial”. “O crescimento sustentado da China aumenta a demanda por produtos agropecuários, minerais e insumos industriais, favorecendo especialmente os setores de commodities no Brasil. Mas, também há espaço para o produto manufaturado”.
“A indústria manufatureira é a responsável por desenvolver e disseminar tecnologia no país e pelos maiores investimentos e salários. A manufatura responde por 47,6% das exportações de bens e serviços do país, por 62,4% do investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento e por 25,6 % da arrecadação dos tributos federais”, destacou o presidente da CNI.
Assista o discurso de Ricardo Alban, presidente da CNI, no Dia Indústria