Ele recebeu em sua casa o conselheiro sênior para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Ricardo Pita, no dia 6 de maio
O ex-presidente Jair Bolsonaro disse à Polícia Federal, durante depoimento na quinta-feira (5), que se reuniu com um representante do governo Donald Trump para discutir assuntos “de teor reservado”.
Bolsonaro prestou depoimento no inquérito que investiga a atuação de seu filho, Eduardo Bolsonaro, nos Estados Unidos, pressionando por sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que é relator do processo do golpe de Estado.
Jair Bolsonaro contou para a PF que recebeu em sua casa o conselheiro sênior para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Ricardo Pita, no dia 6 de maio.
Questionado pelos investigadores sobre o teor da conversa, Bolsonaro afirmou “que foi uma conversa de teor reservado”.
Naquela data, Eduardo Bolsonaro já havia se licenciado da cadeira na Câmara dos Deputados e anunciado abertamente que faria lobby nos EUA pelas sanções contra Moraes.
Nas redes sociais, Eduardo Bolsonaro divulgou a reunião que seu pai teve com o representante de Trump. Segundo ele, foram discutidas “as ameaças urgentes à democracia brasileira e aos interesses dos EUA na região”.
Jair Bolsonaro falou que nunca conversou com o filho sobre sua atuação nos EUA a favor das sanções, alegando que as ações de Eduardo são “independentes e realizadas por conta própria”.
Jair Bolsonaro admitiu que está bancando o filho nos EUA e já enviou R$ 2 milhões provenientes de doações de apoiadores.
“Vocês sabem que, lá atrás, eu não fiz campanha, mas foi depositado na minha conta R$ 17 milhões e eu botei R$ 2 milhões na conta dele. Lá fora tudo é mais caro, eu tenho dois netos, um de 4 e outro de um ano de idade, ele [Eduardo] tá lá fora, não quero que passe dificuldade”, falou após o depoimento.
Depois que Eduardo Bolsonaro já estava morando nos EUA, os aliados de Jair retomaram a campanha de doações.
O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), comentou que Jair Bolsonaro mente ao negar que seu filho Eduardo esteja nos EUA fazendo campanha contra a Justiça brasileira.
“Há vídeos, ofícios e postagens de Eduardo Bolsonaro em reuniões com congressistas dos EUA pedindo retaliações ao STF. Está tudo documentado por eles mesmos”, lembrou o parlamentar.
Farias ainda disse que Jair é “coautor dos possíveis crimes do filho, ao financiar a atuação de uma possível organização criminosa sediada no exterior para sabotar instituições brasileiras”.
“Eduardo e Jair vão sofrer as consequências jurídicas por atuarem para enfraquecer a soberania nacional e atacar o STF com ajuda de estrangeiros. A era da impunidade acabou — e o Brasil não será refém de traidores da Pátria”, declarou.
