
“Muito possivelmente nós podemos ter ao longo dos próximos meses uma contração da demanda, em virtude do crédito mais caro”, diz o presidente da entidade
Em maio de 2025, a produção da indústria automotiva brasileira apresentou queda de 5,9%, em relação ao mês anterior, segundo números da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), divulgados na quinta-feira (6).
No mês passado, ao todo, foram produzidos 214,7 mil veículos de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus. Enquanto em abril, foram 228,2 mil unidades fabricadas.
No caso dos veículos leves, o recuo foi de 6,9%, queda que já reflete a cautela dos fabricantes em relação à “expectativa de vendas nas próximas semanas”, afirma o presidente da Anfavea, Igor Calvet, em sua apresentação, onde destaca que com o aumento da Selic (taxa de juros base) para 14,75% ao ano pelo Banco Central (BC), “o juro real está 9,3%” – impactando negativamente os investimentos em produção e o consumo de bens no país.
“Algumas empresas têm relatado à Anfavea nos últimos meses, que a inadimplência tem crescido tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas”, afirma Calvet. “Isso nos sinaliza que muito possivelmente nós podemos ter ao longo dos próximos meses uma contração da demanda, em virtude do crédito mais caro. Com a subida da taxa de juros e esse nível de taxa real de juros, isso pode de fato acontecer”, completa.
De acordo com a Anfavea, ainda, na passagem de abril para maio, o emplacamento de automóveis registrou um crescimento de 8,1% no mês de maio, alcançando a marca de 225,7 mil unidades.
Apesar do resultado, “ o segmento de caminhões manteve o viés de baixa verificado desde abril”. “Em maio, a queda foi de 2,1% em relação a abril e de 4,2% na comparação com o mesmo mês de 2024. A elevação da taxa de juros afeta todos os segmentos, especialmente os de caminhões pesados e extra-pesados”, observa.
No mês passado, a entidade constatou 109.323 postos de trabalho ativos, o que corresponde a uma queda de 0,1% ou menos 133 empregos em relação ao registrado em abril.