Um novo protesto contra o governo de Daniel Ortega aconteceu na Catedral da capital nicaraguense, Manágua, no domingo, 28, quando milhares de pessoas exigiram a “liberdade dos presos políticos” e instalaram cruzes no pátio, em memória dos falecidos.
As cruzes de madeira com os nomes das vítimas, que foram arrancadas há algumas semanas por funcionários do governo de um parque ao sul da capital, foram colocadas em torno de uma enorme cruz situada na Catedral, com os nomes das pessoas mortas após a ação violenta de policiais e paramilitares contra os manifestantes.
“Viemos fazer um ato de reparação e homenagem a todos os assassinados pelo regime de Ortega e sua mulher, Rosario Murillo. Viemos aqui porque é um lugar de respeito onde nos deram acolhida para honrar nossos mortos”, disse a líder comunitária María Teresa Blandón ao portal de noticias “Artículo 66”.
As pessoas levaram velas em apoio ao bispo auxiliar de Manágua, Silvio Báez, que na semana passada foi vítima de ataques por parte de partidários do governo.
Com a consigna de “Liberdade, Liberdade, Liberdade”, ondeando bandeiras azul e brancas da Nicarágua e da Igreja católica, portando fotografias dos manifestantes presos, globos e velas, assim como faixas respaldando o bispo Báez, os paroquianos ocuparam o principal templo do país.
A situação que o país vive “não é um problema entre o governo e a Igreja. É um problema entre o governo e o povo, e a igreja está nisto com o povo”, assinalou o padre Luis Enrique Herrera, muito aplaudido pela multidão.
A crise iniciada em 18 de abril na Nicarágua com a repressão contra uma manifestação popular tem deixado 528 mortos segundo as organizações de Direitos Humanos, embora Daniel Ortega só reconheça 200.