
Bolsonaro imediatamente saiu a campo pedindo a anulação do acordo de colaboração de seu ex-ajudante de ordem. Moraes não caiu na “conversa”
Jair Bolsonaro e os demais réus acusados de tramarem um golpe de Estado contra o Brasil em 2022/23, estão tentando desacreditar o tenente-coronel Mauro Cid, colaborador da Justiça e peça fundamental no esclarecimento dos planos golpistas dos bolsonaristas.
O golpe incluía, além da anulação das eleições, a prisão de autoridades e o assassinato do presidente Lula, de seu vice, Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Coincidentemente, na sexta-feira (13), surgiu um fato no mínimo estranho envolvendo o ex-ministro do Turismo de Bolsonaro, Gilson Machado. Ele estaria, segundo a PF, tentando obter um passaporte português para viabilizar uma fuga do coronel Mauro Cid. Quase simultaneamente a revista Veja saiu com uma reportagem dizendo que o ex-ajudante de ordem de Bolsonaro teria mentido à Justiça, usando o perfil de sua mulher para se comunicar pela internet.
As duas coisas serviriam para que Bolsonaro pedisse a anulação da colaboração premiada de Mauro Cid. O plano não deu certo. Tanto Machado quanto o próprio Cid desmentiram imediatamente o pedido do passaporte português. Mauro Cid também negou que tivesse mentido à Justiça.
Alexandre de Moraes, calejado com as armações feitas pelos bolsonaristas para denegrir o inquérito do STF e tentar livrar os golpistas, negou o pedido de prisão de Mauro Cid e resolveu ouvir seu depoimento sobre esses fatos. Mauro Cid falou por três horas e logo e seguida foi liberado. Gilson Machado também teve a prisão suspensa, também pelo ministro Alexandre de Moraes.
Achando que os fatos plantados contra seu ex-ajudante de ordem conseguiriam minar a credibilidade de Mauro Cid junto ao STF, Jair Bolsonaro imediatamente pediu a anulação de delação do tenente-coronel. Ele achou que Moraes cairia em mais esta casca de banana. Logo que as “denúncias” contra Cid vieram à tona, Bolsonaro foi para as redes e disse que a investigação de golpe é “uma farsa fabricada em cima de mentiras”. Segundo ele, o tenente-coronel teria “violado ordens de Moraes” e trocado mensagens.
“Essa delação deve ser anulada. Braga Netto e os demais devem ser libertados imediatamente. E esse processo político disfarçado de ação penal precisa ser interrompido antes que cause danos irreversíveis ao Estado de Direito em nosso país”, disse Jair Bolsonaro no X.
Também com base na reportagem da Veja, ele afirmou que a revista “escancara” o que ele e seus aliados sempre disseram: “a ‘trama golpista’ é uma farsa fabricada em cima de mentiras. Um enredo montado para perseguir adversários políticos e calar quem ousa se opor à esquerda”. O desfecho foi nulo, pois Moraes percebeu que era uma orquestração dos réus contra a principal testemunha.