
Na véspera do Copom, boletim do BC mantém pressão em prol dos juros reais mais altos do planeta
Os economistas do mercado financeiro, consultados pelo Banco Central (BC), reduziram a estimativa de inflação para este ano, de 5,44% para 5,25%, mas a projeção para o juro básico da economia (Selic) foi mantida em 14,75% ao ano. Os números são do boletim Focus do BC, divulgados nesta segunda-feira (16).
Dessa forma, o nível dos juros reais (quando descontada a inflação esperada da taxa nominal) no país subiu 9,31% para 9,50%. O Comitê de Política Monetária (Copom) irá se reunir esta semana (entre os dias 17 e 18 de junho) para definir os rumos da Selic.
Com os juros nestes níveis proibitivos, os investimentos produtivos encolhem, a economia desacelera e, consequentemente, o desemprego cresce.
Segundo análise do próprio BC, o Produto Interno Bruto (PIB) variou em alta de apenas 0,2% em abril deste ano. O índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do BC também revela que a Indústria recuou 1,1% no mês.
O resultado geral do IBC-Br de abril corresponde a uma desaceleração da atividade econômica tanto na comparação com o mês anterior (alta de 0,7%) como em relação a abril de 2024 (2,4%).
Na última ata da reunião do Copom, o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, destacou que “a política monetária significativamente contracionista já tem contribuído e seguirá contribuindo para a moderação do crescimento”, diz trecho do documento.
Apesar disso, Galípolo vem defendendo que o BC deve seguir com o aperto monetária por um tempo prolongado, com o fim de tranquilizar os bancos – os maiores beneficiários dos juros altos, já que a cada um ponto percentual de aumento da Selic, significa um aumento de R$ 50 bilhões nas despesas públicas com juros da dívida.
No ano passado, foram extraídos dos cofres públicos, nada menos, que R$ 1 trilhão para o pagamento dos juros da dívida pública. Neste ano, em meio a novas pressões por cortes no orçamento da União, já foram retirados outros R$ 285,6 bilhões (soma acumulada até abril).