O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Reinaldo Centoducatte, afirmou, na terça-feira (30), que os dirigentes e docentes estão alertas aos ataques às Universidades públicas. “Nós consideramos fundamental e necessário que aquilo que foi conquistado e que está expresso na nossa Constituição Federal tenha valor e seja respeitado”.
“Nós não temos que ser intolerantes, nós estamos em uma democracia, deixa as pessoas professarem suas fés”, afirmou Reinaldo.
“Nós discutimos, fizemos uma avaliação, temos uma preocupação com o acirramento e a retórica dentro dessa disputa eleitoral, de considerações que podem acirrar ânimos daqueles que possam ser influenciados pela fala de determinadas lideranças que colocam em risco ou promovam a possibilidade de retrocesso daquilo que foi conquistado, que é o estado democrático de direito”, diz.
Diversas entidades e associações de docentes universitários se posicionaram contra as censuras impostas pela Justiça às Universidades e apresentaram preocupação quanto a retrocessos.
Na semana do segundo turno das eleições, juízes eleitorais desencadearam uma série de ações de censura a manifestações em defesa da democracia em diversas universidades do país. Algumas bandeiras com o dizer “antifascista” foram suficientes, em alguns casos, para que juízes de primeira instância falassem que se tratava de publicidade eleitoral em órgãos da administração pública.
Ricardo Marcelo Fonseca, reitor da Universidade Federal do Paraná, escreveu um artigo no qual questiona a validade desta ação por parte da Justiça.
“A pergunta então é: quem vestiu a carapuça? Por que as autoridades do Estado (que mandam apreender, retirar, prender) vão além do discurso oficial dos próprios candidatos e se apressam em reprimir e calar vozes até dentro das Universidades?”, questionou Ricardo.
“Quero saber afinal o valor que se dá para a Constituição Federal, que prevê o pluralismo político como fundamento de nossa República, que prevê a liberdade de expressão e de opinião independente de censura ou licença e que prevê também autonomia das Universidades”, disse o reitor.
“Mas quero sobretudo invocar o bom senso: em qual mundo se pronunciar a favor da democracia, contra assassinatos, contra o fascismo ou contra a ditadura pode ser considerado como irregularidade jurídica na propaganda eleitoral?”.
“Não podemos permitir que se jogue fora aquilo que nos é mais caro e que deve ser perene, comum, sagrado: a manutenção da nossa liberdade de poder expressar o óbvio. Não podemos deixar que as universidades – lugares por excelência do livre debate, do pluralismo, da formação de cidadania – sejam amordaçadas e censuradas (vamos insistir em dar o nome certo às coisas!)”.
“Ou nos levantamos agora contra isto ou permitiremos que se cravem no País cicatrizes que vão nos custar caro no futuro”, conclui o reitor.