O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, declarou nesta segunda-feira que o presidente do Equador, Lenin Moreno, quer retirar o asilo de que dispõe na embaixada de Londres para entregá-lo ao governo dos Estados Unidos. A denúncia de Assange, que está confinado na sede diplomática há mais de seis anos, foi feita via teleconferência durante a audiência de um processo iniciado por sua equipe legal para garantir a proteção constitucional de que dispõe.
Em que pese as acusações de Assange, completamente submissa às determinações de Moreno, a juíza equatoriana Karina Martínez rejeitou a demanda do australiano sob a alegação de que as regras criadas recentemente sobre as condições desumanas de asilo não afrontam seus direitos.
Assange disse durante a audiência que as normas são um claro sinal de que o governo equatoriano já havia se decidido, mesmo que não tenha ainda dado a ordem de maneira oficial. Conforme o fundador do WikiLeaks, Moreno está sendo visivelmente pressionado por Washington e Londres.
Diante das acusações de Assange, o principal advogado do governo equatoriano, Iñigo Salvador reagiu afobado, dizendo que Quito não age para atender pressões externas, mas não respondeu de forma direta às acusações de que retirá-lo da embaixada é o mesmo que extraditar.
Conforme as novas “normas” – impostas por Washington – acatadas pelo Ministério de Relações Exteriores do Equador Assange terá de pagar suas contas médicas, suas chamadas telefônicas e até mesmo a limpeza relacionada com seu gato. Um montante que teria representado cerca de US$ 6 milhões até o momento, segundo Salvador.
O ex-juiz espanhol Baltazar Garzón fez um pedido à Justiça do Equador para tornar sem efeito as 32 imposições do ‘protocolo’, que considerou um “documento atentatório que vulnera os direitos” de Assange. Para Garzón, trata-se de uma “situação arbitrária, que contém termos que são impróprios para uma situação de boa harmonia e asilo”.
O descumprimento dessas imposições, conforme o protocolo, implicaria no “término do asilo”. É exigido “que os jornalistas, seus advogados e quem quiser ver Julian Assange forneça detalhes privados e políticos, como seus nomes de usuário nas redes sociais, números de série e códigos IMEI de seus celulares e tablets”, assinala o WikiLeaks. Ainda, a embaixada pode “confiscar a propriedade do senhor Assange e de seus visitantes e, sem ordem judicial, entregar às autoridades da Grã Bretanha”. Acesso à internet, só através da rede wifi da embaixada.
Para o documentarista australiano, John Pilger, o único crime de Assange foi expor como ninguém os crimes de guerra dos EUA no Iraque e Afeganistão. “Em toda a minha vida, nenhum jornalismo investigativo pode se igualar à importância do que o WikiLeaks fez ao convocar o poder para prestar contas”.
L.W.S.