
170 organizações humanitárias internacionais exigem o fechamento da mal denominada “Fundação Humanitária de Gaza”, “armadilha mortal” israelense de distribuição de alimento apoiada pelos EUA, que em poucos dias matou 600 palestinos famintos e feriu 4.000
Entre os signatários do documento emitido nesta terça-feira (1º) estão a Oxfam, Save the Children, Médicos Sem Fronteiras, Anistia Internacional, Conselho Norueguês para Refugiados, Islamic Relief Worldwide, a israelense-palestina B’Tselem e o Monitor Euro-Med.
Os palestinos em Gaza “enfrentam uma escolha impossível: morrer de fome ou correr o risco de serem baleados enquanto tentam desesperadamente alcançar comida para alimentar suas famílias”, sublinharam os signatários, que denunciaram que as forças fascistas israelenses e grupos armados operando em seu apoio “agora rotineiramente abrem fogo contra civis desesperados, que arriscam tudo apenas para sobreviver”.
O manifesto das organizações humanitárias pede o retorno aos esforços de socorro coordenados pela ONU, o fim do bloqueio de Israel à entrada de alimentos e de ajuda, um cessar-fogo imediato, a libertação de todos os reféns isrelenses e dos prisioneiros detidos arbitrariamente pela ocupação executada por Israel desde 1967 e o fim da impunidade generalizada que permite essas atrocidades e nega aos palestinos sua dignidade básica.
As organizações humanitárias denunciaram que os 400 pontos de distribuição de ajuda que operaram durante o cessar-fogo temporário em Gaza “foram substituídos por apenas quatro locais de distribuição controlados pelos militares [israelenses], forçando dois milhões de pessoas a zonas superlotadas e militarizadas, onde enfrentam tiroteios diários e baixas em massa enquanto tentam acessar alimentos e são negados outros suprimentos vitais”.
“Hoje, os palestinos em Gaza enfrentam uma escolha impossível: morrer de fome ou correr o risco de serem baleados enquanto tentam desesperadamente alcançar comida para alimentar suas famílias”, disseram as organizações humanitárias, que destacaram que as semanas seguintes ao lançamento do esquema da GHF “foram algumas das mais mortais e violentas desde outubro de 2023”.
Elas assinalaram que o verdadeiro sistema humanitário, construído em torno da ação da ONU e de sua agência de assistência aos refugiados palestinos, está sendo “deliberada e sistematicamente desmantelado” pelo bloqueio e restrições de Israel, “um bloqueio agora sendo usado para justificar o encerramento de quase todas as outras operações de ajuda em favor de uma alternativa mortal e controlada pelos militares que não protege os civis nem atende às necessidades básicas”.
A organização Save the Children (Salvem as Crianças) lançou vídeo expondo a dramática situação dos palestinos em Gaza:
“Essas medidas são projetadas para sustentar um ciclo de desespero, perigo e morte. Atores humanitários experientes continuam prontos para fornecer assistência que salva vidas em escala”, disseram as organizações.
As denúncias das organizações humanitárias vêm sendo corroboradas por depoimentos dos sobreviventes, vídeos, recentes confissões de soldados israelenses estampadas pelo jornal israelense Haaretz de que receberam ordem de matar os famintos indiscriminadamente e relatos de jornalistas de que “atiram em qualquer um” e que o local funciona como uma “armadilha”, com um único ponto de entrada e cercado de soldados de dedo no gatilho, como visto nos repetidos massacres.
“Com o sistema de saúde de Gaza em ruínas, muitos dos baleados são deixados para sangrar sozinhos, fora do alcance das ambulâncias e negados cuidados médicos que salvam vidas”, acrescentaram as organizações.
Em meio à fome severa e condições semelhantes à fome, muitas famílias “agora estão fracas demais para competir por rações alimentares”.
Ainda segundo as organizações humanitárias, “com o combustível quase esgotado, serviços críticos de salvamento – incluindo padarias, sistemas de água, ambulâncias e hospitais – foram paralisados”.
“Esta não é uma resposta humanitária”, afirma o comunicado, acrescentando que a concentração de mais de dois milhões de pessoas “em outras áreas confinadas” para ter a chance de alimentar suas famílias “não é um plano para salvar vidas”.
Elas alertam que a abordagem da Fundação Humanitária de Gaza “não adere aos padrões e princípios humanitários fundamentais”.
As organizações disseram que essa “normalização do sofrimento não deve ser permitida” e pediram aos governos que cumpram suas obrigações sob o direito internacional humanitário e os direitos humanos e tomem medidas concretas para acabar com “o cerco sufocante” e defender o direito dos civis em Gaza de acessar ajuda com segurança e receber proteção.