As autoridades colombianas confirmaram, na terça-feira, terem reaberto uma investigação sobre o apoio dado por uma empresa de carvão estadunidense do Alabama a um grupo paramilitar de extrema-direita durante a guerra civil (1964-2016) no país sul-americano.
O “conflito” colombiano – armado e incentivado pelos sucessivos governos norte-americanos – deixou pelo menos 260.000 mortos, 60.000 desaparecidos e milhões de deslocados ao longo de mais de 50 anos.
Atuando no país a décadas, a companhia é uma das maiores exportadoras de carvão e responde a inúmeras ações judiciais por ter contratado milícias para silenciar ativistas sindicais, militantes de esquerda e de direitos humanos.
Conforme o gabinete do promotor, a investigação sobre a subsidiária colombiana da Drummond Co. Inc. está concentrada em pagamentos irregulares supostamente feitos a um empreiteiro, Jose Blanco, condenado em 2013 pelo assassinato de dois líderes sindicais que trabalhavam na transnacional. Blanco foi condenado a 38 anos de prisão.
Há muito tempo as acusações são de que a Drummond financiou um grupo paramilitar, mas os tribunais americanos se pronunciaram repetidamente em favor da empresa e contra as famílias das vítimas colombianas.
“A companhia reitera que nunca apoiou grupos armados ilegais”, disse a Drummond, em comunicado em que promete cooperar “totalmente” com qualquer investigação.
Terry Collingsworth, advogado que representa parentes dos mortos por milícias de direita durante o conflito, disse que a nova investigação é um “primeiro passo” para responsabilizar a Drummond e fazer com que pague as indenizações. “A justiça está chegando”, destacou.
A Drummond não é a primeira transnacional norte-americana a ser acusada de financiar grupos paramilitares. A Chiquita Brands International, com sede em Cincinnati, se declarou culpada de pagar milícias de direita em 2007, alegando que foi “extorquida”. Mas em agosto, promotores colombianos anunciaram a denúncia de 13 funcionários da Chiquita de ajudar um esquadrão da morte que assassinou centenas de pessoas.
Empreiteiro da Drummond, Jose Blanco concedeu uma entrevista na prisão em 2011 em que confirmou que as mortes dos dois sindicalistas foi encomendada pela alta chefia da empresa. Os líderes sindicais Valmore Locarno, de 42 nos, e Victor Hugo Orcasita, de 36, trabalhavam em uma mina da Drummond, no estado de Cesar, no norte do país, tendo sido mortos por paramilitares em 2001 quando retornavam de um turno.
O jornal colombiano El Tiempo – primeiro a denunciar o caso – informou que oito executivos da Drummond serão convocados para explicar os altos pagamentos feitos ao empreiteiro através de sua empresa de alimentos.