
O presidente dos Correios, Fabiano Silva, entregou sua carta de demissão para auxiliares do presidente Lula na noite de sexta-feira (4), no Palácio do Planalto. A demissão só deve ser oficializada após uma conversa entre Fabiano e o presidente, que está no Rio de Janeiro para participar do Encontro dos BRICS.
A expectativa é que o encontro ocorra na quarta-feira (9), quando Lula deve voltar a Brasília.
Aliados de Fabiano, citados pelo portal G1, afirmam que problemas de saúde o levaram a tomar a decisão de se demitir. O mandato de Fabiano terminaria em 6 de agosto.
Ele deixa o cargo após a empresa registrar o maior déficit entre as estatais em 2024 e registrar um prejuízo de R$ 1,7 bilhão no primeiro trimestre deste ano.
O presidente da estatal, teria negado que a decisão de deixar o cargo tem relação com os resultados financeiros da estatal. Ele atribuiu o resultado ruim dos Correios à decisão do governo de estabelecer, em 2023, uma taxa para varejistas chinesas, medida apelidada de “taxa das blusinhas”
Fabiano Silva dos Santos é advogado, ex-militante do PT e figura próxima ao ex-ministro José Dirceu (PT). Ele integrou também o coletivo jurídico Grupo Prerrogativas. Foi indicado pelo presidente Lula e assumiu a Presidência dos Correios em 2023.
CARGO COBIÇADO
A troca no comando da estatal já vinha sendo negociada nos bastidores como parte da disputa por espaço entre o governo e o União Brasil – que comanda o Ministério das Comunicações, ao qual os Correios são vinculados. Fabiano estaria sendo alvo da pressão do ministro da Casa Civil, Rui Costa, e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre. A legenda de Alcolumbre pleiteia mais espaço na administração pública federal.
Segundo o jornal Estado de S. Paulo, Rui Costa defendeu a troca de Fabiano Silva por ele se opor a um plano de demissões de 10 mil funcionários defendido pelo ministro-chefe da Casa Civil.
A medida também é repudiada pelos trabalhadores da estatal que alertam que o plano de Rui Costa deixaria o serviço postal brasileiro em “colapso total”. Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (FENTECT), a pressão de Rui Costa é uma “tentativa covarde de sacrificar milhares de pais e mães de família em nome de acordos políticos espúrios”.
“Avisamos, de forma direta: a responsabilidade por um eventual colapso no serviço postal e logístico brasileiro, e pelo desgaste político que atingirá o presidente Lula em 2026, será exclusivamente do ministro Rui Costa, que prefere perseguir trabalhadores com demissões a defender empresas estratégicas para o país”, diz a nota.