
Em nota conjunta divulgada nesta quinta-feira (10), as Centrais Sindicais CUT, Força Sindical, CTB, UGT, CSB, NCST, Pública, Central do Servidor e Central da Classe Trabalhadora, repudiaram a ameaça do presidente dos Estados Unidos em taxar em 50% as tarifas de importação do Brasil e a clara ingerência na política interna do país.
As Centrais classificam a taxação de “intervencionista” e afirmam que a medida “remete à memória sombria da participação dos EUA no golpe 1964”, além de “conluio com o bolsonarismo, que insiste em alimentar polarizações e estimular grupos de extrema-direita a traírem os interesses nacionais”.
Na nota, as entidades também reafirmam o “compromisso inegociável com a soberania nacional, com a legitimidade das instituições democráticas e com os direitos da classe trabalhadora” e elogiam a resposta “firme e altiva” do governo federal diante da agressão.
As Centrais defendem ainda a recente aprovação da Lei da Reciprocidade Econômica e destacam que “o governo deve utilizar todos os instrumentos legais para proteger nossa economia e o povo brasileiro”.
De acordo com a nota, a medida “intempestiva” de Donald Trump, é também uma “reação hostil às decisões do Supremo Tribunal Federal envolvendo empresas estadunidenses que atuam no Brasil”.
As entidades alertam para os impactos devastadores que a sobretaxa pode causar à economia e à classe trabalhadora, o risco de demissões em massa e o agravamento do desemprego.
“Um aumento abrupto de 50% nas tarifas sobre nossas exportações — vindas de um país com o qual mantemos mais de 200 anos de relações comerciais — ameaça diretamente a indústria, o agronegócio e diversos setores produtivos, com risco real de demissões em massa, fechamento de empresas e agravamento do desemprego”, afirmam.
Segundo a nota, “a medida também tende a encarecer o custo da produção, pressionando a inflação e elevando o custo de vida”, e cita ainda o risco de instabilidade cambial.
E, por fim, as Centrais Sindicais propõem a cassação do mandato do deputado federal Eduardo Bolsonaro que, “mesmo abrigado no exterior e recebendo salários pagos pela população brasileira, agiu como um verdadeiro agente estrangeiro ao fomentar sanções contra o próprio país. Isso configura crime de lesa-pátria”, acusam.
O documento defende ainda “que o Brasil preserve e fortaleça suas relações internacionais, buscando uma solução pacífica, multilateral e justa”.
“Confiamos que o governo saberá equilibrar firmeza e diplomacia para impedir a escalada de uma crise provocada pelo autoritarismo de Donald Trump. O Brasil é dos brasileiros — e somente ao povo, por meio de suas instituições, cabe decidir os rumos do país. Pela soberania nacional, pela democracia e pelo emprego!”, finalizam.