
Mais de 250 milhões de trabalhadores entraram em greve geral na Índia, nesta quarta-feira (09), contra o arrocho perpetrado pelo governo do Partido Bharatiya Janata (BJP), liderado pelo primeiro-ministro Narendra Modi.
O movimento denuncia as medidas anti-trabalhadores, anti-fazendeiros e pró-corporativas do governo, principalmente contra a privatização de empresas estatais (ferrovias, Air Índia e Bharat Petroleum) e reformas trabalhistas que tornam as demissões mais baratas e promovem empregos precários, além de exigir preços mínimos garantidos para culturas agrícolas, apoiado por organizações de agricultores.
Convocada por um fórum das maiores centrais sindicais do país, incluindo o Centro dos Sindicatos Indianos (CITU), o Congresso Nacional de Sindicatos da Índia (INTUC) e o Congresso de Sindicatos de Toda a Índia (AITUC), embora também tenham participado organizações de agricultores e estudantes, alargando o âmbito dos protestos, a greve mobilizou setores-chave: bancos, seguros, mineração de carvão, transporte, manufatura e refino de petróleo.
As centrais sindicais denunciam a agenda neoliberal do governo do BJP ao serviço dos monopólios e das grandes corporações multinacionais, cujos lucros se alimentam da precarização e do empobrecimento da maioria da população trabalhadora.
A paralisação conhecida como Bharat Bandh (“Fechamento da Índia”), que afetou principalmente o sul e o leste do país, em estados como Kerala, Odisha, Bengala Ocidental e Tamil Nadu, levantou 17 reivindicações, incluindo uma semana de trabalho de oito horas, a abolição de contratos temporários e ‘reformas’ que atacam benefícios no sistema previdenciário.
GRANDES MANIFESTAÇÕES EM CALCUTÁ E NOVA DELHI
O dia da greve ocorreu com grandes manifestações em diversas cidades e uma ampla mobilização de trabalhadores rurais e urbanos.
Desde o início da manhã, bloqueios de estradas e ferrovias, além de fechamentos de lojas, escritórios e escolas foram relatados, especialmente nos Estados de Kerala e Odisha. Em Calcutá, manifestações aconteceram até mesmo em estações de trem, e em Mumbai, trabalhadores bancários protestaram contra a privatização de bancos estatais.
Em Nova Delhi, os manifestantes carregavam cartazes exigindo a revogação das leis trabalhistas e bradaram slogans como “Parem de vender nossas ferrovias” e “Não desrespeitem os direitos sindicais”.
Rajendra Pratholi, um ativista do Partido Comunista da Índia (Marxista-Leninista) associado a importantes sindicatos, acusou o governo de cortar benefícios dos trabalhadores sob o pretexto de reformas.
“As horas de trabalho dos trabalhadores e os benefícios que eles costumavam receber em seus empregos depois de anos de luta — todos esses benefícios foram entregues aos capitalistas e industriais ligados a capitais estrangeiros pelo governo”, denunciou Pratholi.
Tapan Sen, secretário-geral do Centro de Sindicatos Indianos, ou CITU, também alinhado aos comunistas, divulgou relatos de trabalhadores bloqueando diversas rodovias nacionais e rotas ferroviárias.
“As operações de mineração de carvão na maioria dos estados foram paralisadas. Serviços bancários, de seguros, de manufatura e de refino de petróleo também foram afetados”, confirmou Sen.
Quanto à participação dos mencionados 250 milhões de trabalhadores, estimativas preliminares consideram que foi uma das maiores mobilizações trabalhistas da história da Índia.