
O ex-conselheiro de Donald Trump disse que o presidente dos Estados Unidos está “aborrecido” com o processo contra Jair Bolsonaro que está correndo no Brasil e deve impor sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes
“Somos grandes apoiadores do movimento Bolsonaro desde que o conhecemos em 2017. E acho que a manifestação mostra que o presidente Trump está totalmente ciente do que está acontecendo”, afirmou Bannon em entrevista ao UOL publicada nesta terça-feira (8).
“Ele está muito aborrecido com isso. E eu acredito que haverá severas sanções financeiras contra Moraes. Há dezenas de pessoas trabalhando nisso, tanto no Executivo quanto no Congresso, e veremos o resultado em algumas semanas”, ameaçou.
Em entrevista à jornalista Mariana Sanches, Bannon foi mais longe em revelar seu intento chantagista: “Derrubem o caso Bolsonaro e derrubamos as tarifas”.
Segundo Bannon, Trump considera “inaceitável” o julgamento ao seu aliado brasileiro, que é réu por tentativa de golpe de Estado, entre outras ações na Justiça.
Donald Trump defendeu Jair Bolsonaro publicamente na sua rede, a Truth Social. O post não menciona diretamente as ações judiciais contra o ex-presidente, mas afirma que ele seria vítima de uma “caça as bruxas”. O termo era usado com freqüência por Trump para se referir aos processos que ele enfrentou antes de retornar à presidência.
“Estarei assistindo a caça às bruxas de Jair Bolsonaro, de sua família e de milhares de seus apoiadores, muito de perto. O único julgamento que deveria estar acontecendo é o julgamento pelos eleitores do Brasil — isso se chama eleição. Deixem Bolsonaro em paz!”, escreveu Trump.
Bannon se disse surpreso que Trump tenha encontrado tempo para a declaração, destacando que isso demonstra a insatisfação do presidente americano.
Quando questionado se as sanções citadas seriam previstas na Lei Global Magnitsky, Bannon confirmou, mas ressalvou que “não fala por Trump” — essa lei pode incluir bloqueio de vistos, congelamento de bens e restrições financeiras nos EUA.
Bannon afirmou apoiar “100%” Eduardo Bolsonaro e apontou que pesquisas ainda o colocam atrás de Tarcísio de Freitas e do próprio pai, Jair Bolsonaro.
Bannon, que sofre processos na justiça norte-americana, foi condenado por enganar doadores para uma campanha supostamente de construção do muro na fronteira em 11/02/25, desviando mais de US$ 15 milhões em 2019, mas não teve prisão decretada. Ele se encontra em liberdade condicional pelos próximos três anos.
O promotor Jeffrey Levinson disse que ele não precisará pagar uma restituição porque outros réus em um caso federal parecido já devolveram milhões de dólares às vítimas.
Entretanto, como parte da sentença, Bannon está proibido de exercer cargo como executivo ou diretor de quaisquer organizações de caridade ou sem fins lucrativos com ativos em Nova York ou acessar nomes de doadores da arrecadação chamada “We Build the Wall” (Nós construímos o muro, organização mediante a qual engabelou os direitistas e racistas dos EUA).
O ex-conselheiro de Trump falou brevemente no tribunal respondendo às perguntas do juiz.
“Sim, meritíssimo”, disse Bannon quando perguntado se ele estava envolvido no esquema do qual estava se declarando culpado.
A sentença de fevereiro passado marca uma segunda condenação criminal para Bannon, que foi considerado culpado de desacato ao Congresso por desafiar uma intimação relacionada a uma investigação sobre a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
E deixando mais claro sua identidade, o ex-assessor de Trump realizou “saudação nazista” em 20 de fevereiro passado, em um convescote global de neonazistas e assemelhados em Washington, realizado sob a pomposa denominação de “Conferência de Ação Política Conservadora”.