
Depois apagou a postagem da foto com o boné de Trump. Lula criticou, durante entrevista, a foto: “Não vale tentar esconder o chapeuzinho do Trump. Pode ficar mostrando para a gente saber quem você é”
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apagou postagem em que aparecia usando o boné com o lema da campanha do agora presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “Maga” (Make America Great Again), cuja tradução em português, significa “Tornar a América Grande Novamente”.
Pois é, inconsequência e irresponsabilidade têm consequências, na política e na vida. Eis que começaram a brotar as críticas, nas redes digitais, por todos os lados.
Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio foi duramente criticado por ter apoiado a decisão do presidente estadunidense de taxar produtos brasileiros em 50%. Caso as ameaças de Trump se concretizem, o Estado de São Paulo, por exemplo, vai ser um dos mais afetados com a medida.
O governador paulista já havia usado o boné vermelho em vídeo no Instagram publicado em comemoração da vitória eleitoral de Trump.
PROPOSTA “ESDRÚXULA”
Diante dos problemas criados por eles mesmos, que aplaudiram a atitude de Trump, o governador de São Paulo, segundo a coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, telefonou para ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) para sugerir à Corte que autorizasse a ida do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aos EUA, a fim de tentar baixar as taxas impostas ao Brasil pelo presidente dos EUA.
A proposta foi considerada “esdrúxula”. Segundo o texto, Tarcísio teria usado o argumento de que Bolsonaro teria capacidade para negociar com Trump e, assim, levantar as tarifas de 50% anunciadas pelo líder estadunidense.
Os magistrados, por sua vez, consideraram a ideia fora de propósito. A Corte também ressaltou a necessidade de respeitar as instituições responsáveis por essas tratativas: a Presidência da República e o Ministério das Relações Exteriores.
Foi um grande Não! ouvido por Tarcísio.
IRONIA DE LULA
Em entrevista, na quinta-feira (10), o presidente Lula (PT) ironizou a posição do governador de São Paulo e fez menção à foto em que Tarcísio usa boné com o slogan de Trump.
“Se vou ser candidato ou não, são outros 500. Agora, os loucos que governaram esse País não voltam mais. O seu Tarcísio pode – e não vale tentar esconder o chapeuzinho do Trump não, Tarcísio — pode ficar mostrando para a gente saber quem você é. Está cheio de lobo com pele de cordeiro. Se for necessário ser candidato para evitar isso, estarei candidato”, disse, em entrevista à TV Record.
Na última quarta-feira (9), Tarcísio comentou sobre a decisão de Trump de taxar em 50% a importação de produtos brasileiros nas redes digitais e afirmou que Lula colocou a ideologia acima do resultado.
TENTANDO ENGANAR OS BRASILEIROS
“Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado. Tiveram tempo para prestigiar ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto no Brasil. Outros países buscaram a negociação. Não adianta se esconder atrás do Bolsonaro. A responsabilidade é de quem governa. Narrativas não resolverão o problema”, publicou Tarcísio.
Antes, ao compartilhar carta de Trump sobre Bolsonaro, o governador afirmou que o ex-presidente brasileiro deve ser julgado pelo povo brasileiro, durante as eleições, e não pela Justiça.
PASSA PANO PARA TRUMP
Na quinta-feira (10), Tarcísio admitiu que a tarifa anunciada por Trump terá impactos negativos para o Brasil e especialmente São Paulo. Ele pediu que o governo federal deixe de lado as diferenças ideológicas e se sente à mesa com o governo Trump para negociar a reversão da medida.
Quem está colocando diferença ideológica, politicalha, é Trump que diz que o aumento de tarifa é por causa do STF querer fazer justiça e condenar o golpista Bolsonaro. Ou seja, não é uma necessidade comercial. É política para punir os brasileiros e suas empresas.
Meteu outro pé dentro do balde: Nesta sexta-feira (11), Tarcísio se reuniu com o chefe da embaixada dos EUA em Brasília, Gabriel Escobar.
“Acabo de me reunir com Gabriel Escobar, Encarregado de Negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, em Brasília. Conversamos sobre as consequências da tarifa para a indústria e agro brasileiro e também o reflexo disso para as empresas americanas”, escreveu, em rede digital.
CORRENDO ATRÁS DO PREJUÍZO
“Vamos abrir diálogo com as empresas paulistas, lastreado em dados e argumentos consolidados, para buscar soluções efetivas. É preciso negociar. Narrativas não resolverão o problema. A responsabilidade é de quem governa”, acrescentou.
A embaixada dos EUA, que está sem embaixador, confirmou a reunião e destacou que São Paulo é o Estado “com a maior concentração de investimento americano no Brasil”.
“Ressaltamos que diplomatas americanos se reúnem regularmente com governadores brasileiros. A Embaixada dos EUA promove os interesses das empresas americanas e a cooperação bilateral”, escreveu, por meio de nota, a representação diplomática.
M. V.