
“O pânico, o medo e o terror que tomaram a escola foi avassalador. Havia umas mil pessoas deslocadas ali, tendas e salas de aula usadas como refúgio”, testemunhou um sobrevivente. Até o momento, em meio aos escombros, foi confirmada a morte de dez pessoas, além de inúmeros feridos, “todos, mulheres e crianças”
Após abrir fogo contra os postos de distribuição de alimentos e medicamentos na Faixa de Gaza, o exército israelense decidiu agora atacar no meio da madrugada as escolas que servem de abrigo aos refugiados, as mesmas pessoas que tiveram suas residências destruídas pelos invasores.
Desta vez, entre a meia-noite de quinta (10) e sexta-feira (11), o alvo foi a escola Halima al-Sadia, em Jabalia, no norte de Gaza, com os sobreviventes relatando a dimensão da catástrofe. “A poeira cobriu toda área. Foi então que percebi que um ataque havia atingido este lugar”, declarou Abu Haitham Khalla, de pé sobre os destroços.
“O pânico, o medo e o terror que varreram a escola foi aterrador. Havia umas mil pessoas deslocadas ali, tendas e salas de aula que eram usadas como refúgio”, assinalou Abu, frisando que, em meio aos destroços, até agora, “conseguimos confirmar que dez pessoas morreram, além de muitos feridos, todos, mulheres e crianças”.
Ahmed Khalla testemunhou ter encontrado corpos no chão de uma sala de aula, em imagens que jamais poderá esquecer. “Crianças feitas em pedaços, carbonizadas. Mulheres que não fizeram nada. As cenas eram mais do que horríveis. Vi uma menininha sem cabeça. Literalmente, sem cabeça”, frisou.
Correspondente in loco da Al Jazeera, Ibrahim al-Khalili descreveu a cena posterior ao ataque como “sem precedentes”. “Diante da escalada israelense em curso, em diversas áreas de toda Faixa de Gaza, a situação vai de mal a pior”, assinalou.
“EM VEZ DE REFÚGIO, ENCONTRARAM MORTE E DESTRUIÇÃO”
“Essa escola abrigava milhares de palestinos forçados a deixar suas casas na zona leste de Gaza, após ordens de evacuação israelenses. Mas em vez de refúgio, o que encontraram foi morte e destruição”, protestou o jornalista. Conforme Ibrahim, a imagem é bastante sinistra: “Cheiro de sangue por toda parte. Um ataque à meia-noite, quando todos dormiam, mortos onde pensaram estar seguros. A situação é catastrófica, muitos palestinos não têm para onde ir”.
De acordo com a Agência da ONU para Refugiados na Palestina (UNRWA), a maioria das escolas que ainda se encontra de pé no enclave se tornou abrigo para a população deslocada.
Imagens de vídeo da escola Halima al-Sadia após o ataque mostram equipes de emergência recolhendo feridos e corpos no meio da noite, cercadas por centenas de pessoas ajudando a carregar macas em ambulâncias ou prestando solidariedade.
ONU DENUNCIA QUE ISRAEL TEM ATACADO UMA ESCOLA-ABRIGO POR DIA
“Entre 1 e 8 de julho, foram relatados ataques contra pelo menos sete escolas que abrigavam pessoas deslocadas internamente, incluindo algumas que já haviam sido atacadas na semana anterior”, apontou o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), em relatório divulgado na quinta-feira.
Conforme o OCHA, muitos moradores estão sendo obrigados a retornar a escolas com suas estruturas danificadas ou seriamente comprometidas devido à falta de abrigos no enclave. Atualmente, 85% da Faixa de Gaza está sob ordens de evacuação ou foi convertida diretamente em zona militarizada para o exército sionista, denuncia as Nações Unidas.
Devido à política de apartheid israelense, quase toda a população palestina permanece amontoada nas praias de Mawasi, no sul (aproximadamente 425.000 moradores de Gaza), ou na Cidade de Gaza (norte). Na província de Gaza do Norte (que inclui as cidades de Jabalia, Beit Lahia e Beit Hanoun), a maioria dos moradores foi deslocada para a capital, onde a projeção é que um milhão de pessoas esteja aglomerada.
Após uma visita de Estado a Washington, onde defendeu a indicação de Donald Trump ao prêmio Nobel da Paz, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, sua esposa Sara e sua comitiva chegaram a Israel na quinta-feira. Como gesto de cortesia, o presidente dos EUA enviou duas aeronaves V-22 Osprey do esquadrão presidencial para transportar o genocida israelense durante a visita.
Desde que Israel lançou sua sinistra ofensiva contra Gaza em 7 de outubro de 2023 foram assassinados 57.800 palestinos no enclave.