
Contra o Canadá, é 35%. Importações de cobre são penalizadas com 50%
O presidente Donald Trump estendeu neste sábado (12) ao México e à União Européia a chantagem através da qual busca manter a diktat dos EUA e, sem usar o período de 90 dias que ele próprio estabelecera para negociações mutuamente benéficas, definiu arbitrariamente sobretaxas de 30%, sob vários pretextos. A extorsão terá início no dia 1º de agosto.
Repetindo o desrespeito já apontado pelo presidente Lula, o anúncio do tarifaço foi feito através da rede social privada de Trump, a Truth Social, antes de as cartas chegarem.
Nesta semana, Trump já havia afrontado o Brasil com o tarifaço de 50%, sob a alegação de que seu súdito, o golpista Jair Bolsonaro, estaria sendo vítima de “caça às bruxas” e acusando ainda a justiça brasileira de não deixar as Big Techs norte-americanas fazerem do país seu quintal, com suas fake news e propaganda fascista.
Também havia decretado sobretaxa de 35% sobre as exportações do Canadá e outra sobretaxa setorial, de 50%, sobre as importações de cobre de qualquer lugar do mundo. Outros alvos incluem Japão, Coreia do Sul, África do Sul, Indonésia, Tailândia e Camboja, com alíquotas que variam entre 20% e 50%, e outras tantas cartas/postagens do Truth Social.
ABERTURA IRRESTRITA, CHANTAGEIA TRUMP
Em sua carta à União Européia, Trump exigiu dos europeus que abram seus mercados aos produtos norte-americanos de forma “plena e irrestrita”, e ainda ameaçou que “qualquer número que vocês escolherem para aumentar [as tarifas] será somado aos 30% que nós cobramos.”
“Se quiserem abrir seus Mercados Comerciais, até agora fechados, aos Estados Unidos, e eliminar suas Tarifas, Políticas Não Tarifárias e Barreiras Comerciais, nós poderemos, talvez, considerar um ajuste nesta carta”, chantageou Trump, que também tem pressionado contra a cobrança de impostos sobre as Big Techs.
(Além de exigir, via Otan, que os países europeus mais que dobrem o pagamento, para 5% do PIB, dos gastos com a indústria de armas norte-americana, um autêntico tributo de guerra).
Segundo a Bloomberg, a UE esperava concluir um acordo provisório com os EUA para evitar tarifas mais altas, mas a carta de Trump frustrou o recente otimismo em Bruxelas. Afora esses 30%, já pesam os 20% de sobretaxa sobre automóveis, um problemaço especialmente para os alemães.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, disse que o bloco “tomou conhecimento” da carta de Trump e alertou que as tarifas de 30% que os EUA anunciaram sobre os produtos europeus vão “prejudicar empresas e consumidores” de ambos os lados do Atlântico. Neste domingo, embaixadores do bloco irão se reunir para discutir o tarifaço.
Ela acrescentou que o bloco tomará “todas as medidas necessárias para proteger os interesses da UE, incluindo a adoção de contramedidas proporcionais”, mas se disse “pronta” para trabalhar em direção a um acordo até 1º de agosto.
ACHAQUE AO MÉXICO
Na carta enviada à presidente do México, Claudia Sheinbaum, Trump voltou a alegar o problema do tráfico de fentanil – um problema que só existe em um lugar no mundo, os próprios EUA – para explicar o esbulho, embora admitindo que o país tem “me ajudado a proteger a fronteira”.
“O México ainda não conseguiu deter os cartéis que tentam transformar toda a América do Norte em um playground do narcotráfico”, escreveu o chefe da Casa Branca. Como se a extensão que o narcotráfico alcançou na América Latina não tivesse o dedo da CIA, vide escândalo Irã-Contras, reeditando o que fez no “Triângulo Dourado” no sudeste asiático.
E a crise do fentanil não tivesse ainda como vetores o viciamento em massa de soldados norte-americanos em heroína na invasão do Afeganistão e, depois, a Big Farma nos EUA desenvolvendo um “sucedâneo” artificial da droga, panfletado pelos “moinhos de receitas” e que caiu como uma maldição sobre os brancos pobres que perderam em massa seus empregos com a desindustrialização e buscavam alívio, gerando uma explosão de mortes por overdose.
Em resposta à medida anunciada por Trump, o ministro da economia mexicano, Marcelo Ebrard, divulgou neste sábado um comunicado afirmando que o país está em negociações com os Estados Unidos, e pretende que os trabalhos resultem em um acordo tarifário até o dia 1º de agosto. Na nota conjunta entre os ministérios da Economia e Relações Exteriores, o México chamou de “injusta” a imposição das tarifas a partir do mês que vem e manifestou seu desacordo.
A carta de Trump não menciona se os EUA manterão a isenção para bens negociados sob o acordo USMCA, que atualmente estão livres da tarifa de 25%. O governo Trump havia dito anteriormente que manteria a isenção para o Canadá. A sobretaxa também atinge produtos reexportados.
Ao anunciar o assalto tarifário contra o Canadá, Trump havia registrado que “em vez de colaborar com os Estados Unidos, o Canadá retaliou com seus próprios encargos. A partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Canadá uma tarifa de 35% sobre os produtos canadenses enviados aos Estados Unidos, além de todas as tarifas setoriais”.
TARIFAÇO TAMBÉM PARA O COBRE
Na terça-feira, Trump havia anunciado a sobretaxa de 50% sobre todo o cobre importado para os EUA. A quarta tarifa geral durante seu segundo mandato: a maioria dos carros e peças de automóveis importados enfrenta uma tarifa de 25%, enquanto o aço e o alumínio importados enfrentam tarifas de 50%. Metade do cobre de que os EUA precisam é importado e a sobretaxa implicará em aumento do preço internamente. Penalizando os consumidores e os produtores domésticos de transformadores e motores, que tentam exportar.