Em setembro, a produção industrial brasileira caiu pelo terceiro mês consecutivo, conforme apontam os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (1).
Ante outubro, o setor produtivo tombou -1,8% – com contribuição expressiva da queda na produção de bens de consumo duráveis e da produção de automóveis. Sobre setembro do ano passado, o recuo foi de -2%.
O IBGE destaca que esta é a queda mais intensa para o mês desde 2015.
“Desde 2015 a gente não via três meses seguidos de queda na margem”, destacou André Macedo, gerente da pesquisa. Em agosto, após revisão dos dados levando em consideração o aspecto sazonal, a queda foi de -0,7% – ao invés do recuo de -0,3% anunciada anteriormente. Já o resultado de julho foi revisado para uma queda de -0,2%, ante recuo de -0,1% estimado inicialmente.
A análise feita pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) é que a indústria permanece em um “quadro de recessão”.
“A indústria não só criou menos emprego no período como também registrou três meses de perda sucessiva de produção, com um grave aprofundamento no mês de setembro”.
Extinção
Mesmo diante desse quadro de recessão, as perspectivas para o setor continuam sendo de retrocesso. Além de não se ter em vista nenhum projeto nacional de desenvolvimento da indústria no governo eleito de Bolsonaro, o que se vê são ainda mais cortes.
A proposta da equipe do governo eleito é extinguir o Ministério da Indústria, fundindo-o com o Planejamento e a Fazenda. O plano foi criticado por diversos empresários do setor industrial.
“Tendo em vista a importância do setor industrial para o Brasil, que é responsável por 21% do PIB [Produto Interno Bruto] nacional e pelo recolhimento de 32% dos impostos federais, precisamos de um ministério com um papel específico, que não seja atrelado à Fazenda”, disse o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson de Andrade.
Mercado interno
Com o país em recessão, a produção de automóveis que anda pendurada nas exportações, recuou -10,3% apenas em setembro. O IBGE afirma que verificou um grande número de montadoras com paralisações e férias coletivas em função da queda nas exportações, especialmente alimentadas pelo mercado Argentino – também em crise.
“Com bases de comparação ajudando cada vez menos, desaceleração das exportações de manufaturados e sem uma reativação sustentada dos mercados domésticos, a recuperação industrial vem minguando, o que também atinge praticamente todos os seus macrossetores”, afirma o Iedi.
O desempenho do setor de bens de capital, que indica o nível de investimento da indústria, também é preocupante.
“O desempenho de bens de capital caiu praticamente pela metade do último trimestre de 2017 (+11,5%) ao 3º trim/18, quando cresceu +6,8% frente ao mesmo período do ano anterior. Cabe lembrar que este é o macrossetor que mais longe se encontra do seu último pico de produção, atingindo em setembro de 2013: -32,5%. Isto é, hoje a produção de bens de capital está 1/3 menor do que era cinco anos atrás”.
No segundo trimestre, a indústria registrou contração de -0,6%, contribuindo para que o Produto Interno Bruto (PIB) do país registrasse crescimento de apenas 0,2% sobre os três meses anteriores.
PRISCILA CASALE