
O ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Alberto Baptista Junior, relatou ter sofrido pressão e ataques nas redes sociais por não ter aderido à proposta de Jair Bolsonaro para que fosse instalada uma ditadura no Brasil, no final de 2022.
“Eu não tenho dúvida que os [ataques] que foram direcionados a mim e ao general Freire Gomes [ex-comandante do Exército] tinham em grande parte o intuito e que mudássemos a nossa postura legalista”, disse o militar em seu depoimento.
O brigadeiro foi ouvido enquanto testemunha no processo acerca da tentativa de golpe de Estado. Estão sendo ouvidas as testemunhas do “núcleo 4” da organização criminosa.
O “núcleo 4” da organização golpista é composto por agentes que agiam diretamente na disseminação de fake news e ataques contra as urnas eletrônicas e adversários políticos de Jair Bolsonaro.
Baptista Junior conta que, nos últimos meses de 2022, foi procurado por Jair Bolsonaro, que pedia sua adesão ao golpe que estava sendo organizado. Baptista Junior se recusou a participar da intentona, assim como o então comandante do Exército, general Freire Gomes.
Jair Bolsonaro chegou a lhe entregar um relatório forjado do Instituto Voto Legal, contratado pelo Partido Liberal, que dizia de forma mentirosa que parte das urnas utilizadas nas eleições fraudava votos.
Quando o brigadeiro fez questionamentos sobre o relatório, Jair Bolsonaro ligou para Carlos Rocha, que era presidente do Instituto, e o colocou em contato com o militar. Baptista Junior analisou o documento, junto de outros militares que eram da Comissão de Fiscalização das eleições, e não encontrou nenhuma evidência de fraude.